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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, novembro 19, 2011

Estudantes convidam Alckmin para aula sobre democracia

 


Da CartaCapital
Uma aula de democracia para Alckmin

O governador disse que estudantes precisavam de aula de democracia. Foto: Agência Brasil
Por Clara Roman
Em assembleia realizada na quinta-feira 17 de novembro, os estudantes da USP decidiram montar um cronograma de protestos que inclui um convite ao governador de São Paulo Geraldo Ackmin (PSDB) para participar de uma “aula pública sobre democracia” promovida por professores e movimentos sociais. A aula-protesto, marcada para o dia 24, na Avenida Paulista, é uma resposta ao governador que, no auge da crise provocada pela ocupação da reitoria da USP, declarou que os alunos detidos na ação precisavam “de uma aula de democracia”.
A assembleia determinou também que os protestos marcados contarão com uma passeata e terão como bandeira os temas “Fora Rodas” e “Fora PM”.
A plenária, que contou com cerca de 3.000 pessoas na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU-USP), decidiu adiar as eleições para o Diretório Central dos Estudantes, que ocorreria na próxima semana, para março de 2012 e também a manutenção da greve. Além disso, os estudantes aprovaram a inclusão do ponto “estatuinte” na pauta de reivindicações do movimento. Com isso, os alunos pedem que se rediscuta o estatuto da universidade com o mesmo peso decisório entre discentes, docentes e funcionários.
Na terça-feira 8 de novembro a Tropa de Choque executou uma ação de reintegração de posse da reitoria da USP, ocupada por estudantes há seis dias. Os alunos reivindicam a retirada do convênio entre a instituição e a Polícia Militar para a instalação de bases da Polícia Comunitária no campus.
O convênio foi assinado em maio, poucos dias depois da morte do aluno de Ciências Atuariais Felipe Ramos Paiva em uma tentativa de assalto na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA). No final de outubro, uma batida da PM iniciou um confronto com estudantes e polícia.
*LuisNassif

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