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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 20, 2011

Metrô, apagão e a pane tucana

Por José Dirceu, em seu blog:

A pane habitual e sistemática que paralisa o metrô paulistano a cada 48 horas em média, nesta 6ª feira (ontem) foi na linha Oeste, aquela da região de Pinheiros. Num intervalo de 32 minutos a linha parou duas vezes! Pior, no horário de rush, 7 da manhã. Dos ônibus aos quais os passageiros do sistema metroviário precisaram recorrer, transformados em "latas de sardinha", pelas imagens sobrava gente caindo pelas portas.

Motivo desta pane - estou me referindo só a de ontem, que deu prosseguimento à rotina de pane no sistema a cada dois dias em média: faltou energia. Segundo a Companhia de Transmissão de Energia Paulista (CTEP), em função de um desligamento errado pelo sistema automático de auto-proteção da rede.

Resultado: apagão não só no metrô, mas em 12 grandes bairros da capital e em 100 cidades do Estado. Desta vez, "só" 1,8 milhão de paulistas ficaram sem energia elétrica. Além disso, e em meio a isso, sem nada a ver com a pane habitual a cada dois dias, mas em decorrência de processo que já corre há tempos, a Justiça determinou o afastamento do presidente do metrô, a suspensão dos contratos e a paralisação das obras de prolongamento da linha 5.

Fraude. E o Palácio só tem olhos para uma velha briga política

Por quais razões? Indícios de fraude, levantados inicialmente pela Folha de S.Paulo, que detectou e registrou em cartório, três meses antes da abertura dos envelopes, a existência de licitação viciada, acerto entre empreiteiras na construção dessa linha. Cabe recurso e o metrô antecipou que vai recorrer por "medida de Justiça", porque os cálculos do Ministério Público (MP), de superfaturamento das obras "estão errados", partiriam de premissas equivocadas.

Enquanto isso Geraldinho Alckmin, o governador, encastelado em seu Palácio dos Bandeirantes prepara uma reforma do secretariado para disputar as eleições na capital contra... o grupo serrista. Acreditem se quiser!

Um apagão de energia que deixa sem luz elétrica quase 2 milhões de paulistas, milhares de paulistanos sem metrô e Alckmin, governador pela 3ª vez (março de 2001 a 2002 / 2003-2006 / 2011-2014) continua preocupado é com sua faxina para varrer o serrismo do Estado. Eles que se entendam, mas os serristas que se preparem! Vão virar pó em São Paulo. Não vai sobrar pedra sobre pedra deles na estrutura do governo do Palácio dos Bandeirantes nos próximos três anos.

Solucionar apagões de energia, panes no metrô, administrar.., deixa pra lá. A prioridade do tucanato é outra, é briga política.

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