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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, novembro 20, 2011

Quanta hipocrisia!O governo de São Paulo resolve percorrer bares que vendem bebida alcoólica.

Quanta hipocrisia!

 

Por Jeferson Malaguti Soares *

O governo de São Paulo resolve percorrer bares que vendem bebida alcoólica a menores, em todo o estado, multando quem desrespeita a lei; o Congresso Nacional vota uma lei de “tolerância zero” para os bêbados que insistem em dirigir autos; a Rede Globo, através de Drauzio Varella, faz campanha feroz contra o uso do cigarro. Quanta hipocrisia! Ao mesmo em tempo que fazem isso, continuam pipocando na mídia propaganda de bebidas. Cervejas patrocinam torneios de futebol; Zeca Pagodinho alardeia a qualidade de determinada marca; nas novelas os ricos bebem champanhes e whiskies enquanto os pobres se divertem com a cerveja e a cachaça.

Vivemos a era da internet social, da globalização da economia, tempos de mudanças radicais, de quebra de padrões e paradigmas. A economia, os negócios, as relações pessoais e de trabalho, enfrentam uma nova realidade. Enquanto isto, a ameaça de mudança do clima nunca foi tão real. Ela vai transformar a vida dos indivíduos, dos governos e das empresas. A palavra urgência ganha um novo significado.

Prosseguem as negociações para a definição de novas metas de redução das emissões. Há uma enorme onda de reinvenções - nos negócios, na política, na vida cotidiana – a fim de guiar o planeta para uma vida mais saudável. Na contramão disto tudo, na área das bebidas alcoólicas, o setor vai se globalizando para o mal. Com seguidas operações de fusões e aquisições, as empresas se transformam em enormes conglomerados multinacionais com dezenas de marcas e um catálogo de tecnologias que lhes permitem combinações quase infinitas de marcas e produtos. Cada vez mais poderosas econômica e financeiramente, as fábricas de bebidas formam um lobby irresistível, um grupo de pressão quase indestrutível. Por maior que seja, por exemplo, a bancada evangélica no Congresso Nacional, nenhum parlamentar se dispõe a enfrentar o problema. Da mesma forma agem todos os congressistas.

E o uso abusivo do álcool não se toca, cresce. Não estou falando do etanol, este muito saudável para nossa economia e que ainda ajuda a diminuir a poluição do ar. Falo da droga álcool. Droga cujo consumo leva a outras drogas tão destrutivas quanto ela. Falo do incentivo ao uso de bebidas alcoólicas pela mídia, que leva a acidentes irrecuperáveis, famílias destruídas. E pergunto: até quando vamos fingir que nada está acontecendo? Até quando vamos continuar com essa hipocrisia? Até quando a bebida alcoólica vai ligar sua imagem a esportes saudáveis?

Eu não estou disposto a continuar fingindo. Lanço agora uma campanha para que a propaganda de bebidas alcoólicas pela mídia e o patrocínio delas a qualquer atividade, esportiva ou não, seja proibida, como fizeram acertadamente com o cigarro.

Por favor, envie esta mensagem a todos os seus internautas e, juntos vamos lutar pelo bem do futuro de nossos filhos e netos.


* Jeferson Malaguti Soares é membro da Executiva do PCdoB em Ribeirão das Neves/MG e colaborador deste blog.
*Observadoressociais

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