Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 03, 2011

PF aperta cerco aos ex-chefões do PanAmericano: só Silvio Santos não sabia da roubalheira?



Luiz Sandoval foi ouvido hoje na Polícia Federal, em São Paulo; ele pode ter autorizado pagamento de bônus milionários à revelia das autoridades do mercado; ex-superintendente Rafael Palladino teria dado rombo de R$ 4,3 bi; e Silvio, só no sorriso?
A devassa no Banco Panamericano está levando a Polícia Federal a indiciar os chefões e ex-executivos da instituição financeira. Nesta terça-feira (1), a PF decidiu enquadrar o ex-presidente do grupo Silvio Santos, Luiz Sandoval. O ex-executivo prestou depoimento na sede da PF, no bairro da Lapa.
De acordo com o advogado de Santoval, Alberto Zacharias Toron, a polícia conclui que o ex-executivo não estava envolvido diretamente nas questões do banco, mas que havia indícios de que ele tinha conhecimento das operações irregulares identificadas na gestão anterior do Panamericano.
Pesa sobre os homens que comandaram o banco de Silvio Santos a suspeita de fraudes contábeis, suposto desvio de valores da instituição financeira em benefício próprio ou de terceiros e ainda indícios de que eles teriam se utilizado de empresas de fachada para destinar o dinheiro desviado.
Na segunda-feira (31) a PF já havia indiciado o ex-diretor superintendente do Panamericano Rafael Palladino. Ele é suspeito de fraudes e rombo de R$ 4,3 bilhões. A polícia indiciou Palladino pelos crimes de lavagem de dinheiro, formação de quadrilha, gestão fraudulenta de instituição financeira e crimes contra o sistema financeiro.
Há duas semanas, a Justiça Federal proibiu todos os antigos dirigentes do Panamericano de deixarem o País e determinou que eles entregassem seus passaportes. De acordo com a decisão, eles estão impedidos também de se comunicar com funcionários e ex-funcionários da instituição.
A decisão que limita os movimentos dos executivos do banco que pertenceu ao grupo do empresário e apresentador de TV Silvio Santos é do juiz Douglas Camarinha Gonzales, da 6ª Vara Criminal Federal em São Paulo. O magistrado é o responsável pelo inquérito policial que investiga as fraudes bancárias.
O juiz mandou a Polícia Federal realizar buscas para a preensão de documentos, computadores, registros contábeis e bens na residência do ex-diretor jurídico do Panamericano, Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno.
O indiciamento de chefões do banco têm como base os depoimentos de nove testemunhas e um relatório do de inteligência do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).
As investigações finais sobre as fraudes no Panamericano levaram a Polícia Federal a apontar vários executivos da instituição financeira como os autores dos crimes que provocaram o rombo de R$ 4,3 bilhões no banco. Nesta semana, a PF deverá concluir os indiciamentos dos demais dirigentes.
Além de Palladino e Sandoval, também deve ser ouvido Luiz Augusto Teixeira de Carvalho Bruno, ex-diretor jurídico. Eles deverão deixar o prédio da PF em São Paulo já oficialmente acusados. Na semana passada, foram indiciados Wilson Roberto De Aro, ex-diretor financeiro – que foi apontado por testemunhas como um dos mentores do esquema – e, Adalberto Saviolli, ex-diretor de crédito e cobrança.
Marcos Augusto Monteiro, responsável pela contabilidade do banco, e Eduardo de Ávila Pinto Coelho, ex-diretor de tecnologia, compõem ainda o quadro de acusados da fase final do inquérito.
De acordo com a investigação da PF, o então gerente de contabilidade do banco, Marco Antonio Pereira da Silva, declarou que Wilson Roberto de Aro – ex-diretor financeiro e de relações com investidores – foi UEM ordenou ordenou as fraudes contábeis.
A PF tem em mãos um relatório do Coaf, que compromete ainda mais Aro. O documento mostra que o executivo efetuou dois saques supostamente em desfavor de uma conta de empresa pertencente ao Grupo Silvio Santos, de que teria se desligado em novembro de 2010. O primeiro saque foi em 10 de junho de 2011, no valor de R$ 122,7 mil; o segundo, de R$ 337,2 mil, cinco dias depois.
Fernando Porfírio
* Brasil 247
 

Nenhum comentário:

Postar um comentário