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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, novembro 03, 2011

Nova flotilha zarpa da Turquia e tenta furar cerco à Faixa de Gaza

Do Operamundi

As duas embarcações transportam 30 mil dólares em medicamentos e um grupo diversificado de passageiros.

Marina Terra* | São Paulo

Dois barcos civis, o canadense Tahrir (Libertação) e o irlandês Saoirse (Liberdade), transportando 55 passageiros de 15 países, estão neste momento em águas internacionais, a caminho da Faixa de Gaza, onde tentarão furar o bloqueio de Israel. Eles partiram de porto de Fethiye, na Turquia, e devem chegar na sexta-feira (04/11) ao território palestino.

As informações são do movimento Freedom Waves (Ondas de Liberdade) para Gaza, que optou por não divulgar a missão com antecedência em função dos esforços israelenses para bloquear uma flotilha em julho. A localização exata dos barcos pode ser vista no Google Mapas.

"Acabamos de atingir águas internacionais a bordo do barco canadense. Estou chorando", disse a ativista política egípcia Lina Attalah em sua conta no Twitter. As hashtags #freedomwaves, #tahrir e #saoirse reúnem comentários sobre o acontecimento na rede social. Além disso, o usuário @PaLWaves atualizará os seguidores sobre a evolução dos barcos.

As duas embarcações transportam uma carga simbólica – 30 mil dólares em medicamentos – e um grupo diversificado de passageiros, todos comprometidos com a defesa não violenta das embarcações e dos direitos humanos palestinos. Há canadenses, australianos, irlandeses, norte-americanos e palestinos residentes na Cirsjordânia, dentre outras nacionalidades.

"Israel prende os palestinos em Gaza e na Cisjordânia, proibindo o contato físico entre nós. Queremos romper o cerco que Israel tem imposto a nosso povo", disse Majd Kayyal, estudante de filosofia palestino, morador de Haifa, a bordo do Tahrir. Kayyal acrescentou: "O fato de estarmos em águas internacionais já é uma vitória do nosso movimento. O cerco israelense a Gaza é insustentável e pôr fim a essa injustiça é uma responsabilidade moral".

Esta é a 11ª. tentativa de romper o cerco a Gaza pelo mar; cinco missões chegaram com segurança à faixa litorânea entre agosto e dezembro de 2008, e as restantes foram violentamente interceptadas por Israel. Em maio de 2010, Israel atacou os passageiros da Frota da Liberdade 1 em águas internacionais, matando nove civis -- de nacionalidade turca -- e ferindo mais de 50.

*Colaborou Baby Siqueira Barão, de Ramallah
*Brasilmostraatuacara

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