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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, novembro 08, 2011

A queda do Império Romano: juros da dívida italiana disparam

Tal como Nero, Berlusconi incendeia o tecido social na Caput Mundi,
repetindo a história
Depois da queda da Grécia segue-se Roma, repetindo-se assim a história, agora com o Fim do Império do Euro. Os investidores continuam a 'fugir' da dívida italiana, face à instabilidade política no país. Berlusconi enfrenta hoje um teste à sua liderança.
O juro das obrigações italianas a dez anos está cada vez mais perto da marca perigosa de 7%. A 'yield' atingiu hoje no mercado secundário um novo máximo da era euro: 6,744%. Recorde-se que a Grécia e Irlanda pediram resgate oito e 15 dias depois, respectivamente, de os juros passarem acima dos 7% no mercado secundário.
A oposição, com o apoio de membros de Executivo de Berlusconi que abandonaram o barco, deve chumbar hoje no Parlamento, pela segunda vez, a proposta de Orçamento rectificativo que contém as medidas de austeridade que o país tem de implementar para sair de fora do radar dos mercados. "O voto de algumas medidas de austeridade no Parlamento italiano será crucial para o panorama político italiano e por reflexo para a percepção que os mercados financeiros têm da capacidade deste país equilibrar as contas públicas", comentam os analistas do BPI afirmam no Diário de Bolsa.
A escalada dos juros italianos obrigou o Banco Central Europeu (BCE) a intensificar a compras de dívida soberana na primeira semana do italiano Mario Draghi à frente da instituição, para um total de 9,52 mil milhões de euros. Trata-se do valor mais elevado das últimas sete semanas e mais do dobro do montante total desembolsado pelo BCE na semana anterior (4 mil milhões de euros).
No A Máfia Portuguesa 
*comTextolivre

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