"Vou fumar maconha hoje". Será que vão prender Snoop Dog?
Famoso rapper americano faz show hoje no Rio; ele provoca e alimenta debate sobre uso da maconha no Brasil; antes da invasão da USP, três estudantes foram detidos por um baseado; não está na hora de repensar a legislação?
A provocação do rapper Snoop Dog, que se apresenta nesta noite no Rio de Janeiro, vem em boa hora para incendiar a discussão que os estudantes da USP tentaram levar a cabo. Ainda que não tenham optado pela saída mais razoável (“uh! uh! vamo invadir!”), os universitários se propunham a debater a legalização da maconha. Afinal, a confusão da USP começou depois que três alunos fumando baseado foram detidos pela Policia Militar. Agora, o que se pergunta é: os policias vão invadir o palco do Vivo Rio e levar Snoop Dog algemado?
“Ninguém me pediu isso (para não fumar maconha). Vou fumar. Muito!”, prometeu o cantor norte-americano. A pedra que Snoop Dog cantou hoje já está rolando na sociedade brasileira há muito tempo. Nas universidades, discute-se como a descriminalização da erva afetaria o tráfico de drogas. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defende a revisão da legislação brasileira e se empenha hoje na formulação de uma política global sobre drogas. O debate sobre a cannabis sativa, no entanto, continua um tabu.
Os manifestantes da USP foram tachados de “maconheiros mimados”. De fato, foram invasores da Reitoria. E depredaram patrimônio público. [Ou foi a PM quando invadiu?] Mais de 70 foram presos. Diante da opinião pública, essas ações certamente desqualificam o sujeito. O argumento deles – pró-liberdade – acaba soando como um objetivo egoísta. É a galera que puxa o beque!
Mas não, não é só a galera que puxa o beque que quer refletir sobre o uso de drogas no Brasil. Artistas, intelectuais, jovens, idosos, políticos, a la esquerda, a la direita, trazem essa discussão na agenda. A maconha deve ou não ser legalizada? Com a descriminalização, o tráfico não sai perdendo? Por que fumar maconha ainda é considerado mais grave que fumar o cigarro legal – que mata uma pessoa a cada seis minutos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde?
Essas são perguntas que precisam ser feitas, pensadas e debatidas. Por estudantes, policiais e toda a sociedade. Pense a respeito e dê sua opinião nos Comentários. Depois, é claro, de assistir ao “maconheiro mimado” da noite: Snoop Dog!
*Amoralnato
FHC defende "recato" no uso de maconha na USP, mas critica repressão
O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) lamentou, na noite desta quarta-feira (09), a detenção de 72 estudantes que ocupavam a reitoria da USP, numa operação da Polícia Militar.
- O episódio na USP foi lamentável do começo ao fim. Uma coisa é defender a regulação do uso de drogas, mas pior ainda foi usar isso como pretexto para invadir a reitoria. A reitoria então tem razão - disse FHC, na sessão de autógrafos do DVD do documentário "Quebrando o Tabu", na livraria Saraiva, do shopping Higienópolis.
Questionado se a polícia deveria ter detido os três estudantes usuários de maconha, o ex-presidente defendeu o "recato":
- Depende, porque a lei especifica quantidades diferentes... Mas eu acho que tem que ter um certo recato. O fato de você estar ali abertamente é uma provocação, não vejo razão para isso.
Entretanto, durante o debate com os presentes ao lançamento do DVD de "Quebrando o Tabu", do diretor Fernando Grostein de Andrade, FHC criticou, de forma genérica, a ação repressiva:
- A repressão não funciona, só piora o problema.
Citou o exemplo do México e concluiu, no final:
- Se você puser na cadeia, vai aumentar o consumo. Não é a cadeia que vai resolver.
Dayanne Sousa
*Terra
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