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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 13, 2011

Bandeira da Palestina é hasteada na sede da Unesco

Um mês e meio depois de aprovar o reconhecimento da Palestina como Estado, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) realizou nesta terça-feira (13), em sua sede, em Paris (França), uma cerimônia na qual a bandeira palestina foi erguida ao lado das bandeiras dos outros 194 Estados-membro da organização.
A cerimônia contou com a participação do presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas, segundo quem o hasteamento da bandeira na Unesco é “um bom presságio” para que a Palestina seja reconhecido como Estado pelas Nações Unidas.
O pedido oficial foi feito em setembro por Abbas, mas está parado no Conselho de Segurança. Os palestinos precisam de nove dos 15 votos, mas os Estados Unidos já garantiram que vão vetar o pedido. Os EUA, assim como Israel, consideram que os palestinos não poderiam ter abandonado os diálogos bilaterais e buscado o reconhecimento na ONU de forma unilateral. A divergência não bloqueou a iniciativa palestina, que mantém os esforços pelo reconhecimento na ONU, como conta a agência France Presse:
“Atualmente estamos mantendo diálogos com as partes”, disse Abbas quando perguntado sobre o Conselho de Segurança. “Ainda não pedimos o votação, mas isso pode ocorrer a qualquer momento. Se não tivermos uma maioria, vamos repetir o pedido de novo e de novo”.
Como se vê, os palestinos continuam insistindo na legitimidade da estratégia de ir diretamente à ONU para obter o reconhecimento de seu Estado. Eles alegam que está é a única forma de obter o reconhecimento diante da rigidez do governo de Israel e do fracasso das negociações. Na segunda-feira, O Filtro destacou artigo de Saeb Erekat, negociador-chefe palestino, no qual ele fazia um apelo ao israelenses para que aceitem o reconhecimento na ONU. Segundo ele, a janela de oportunidade para a solução de dois Estados (Israel e um Estado palestino) está se fechando rapidamente.
Foto: Remy de la Mauviniere / AP
José Antonio Lima
LuisNassif

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