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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 09, 2011

Emenda 29: sem dúvida, uma vitória do Planalto e do Congresso 

Aprovada, finalmente, pelo Congresso Nacional, a regulamentação da Emenda 29, a Proposta de Emenda Constitucional (PEC-29) que disciplina a aplicação de recursos na área da Saúde. Vitória de ponta a ponta do governo, que conseguiu rejeitar, inclusive, a regra que a oposição tentou impor, de destinação de 10% das receitas da União para o setor. Norma, aliás, que ela não cumpre nos Estados que governa.
Pela regulamentação, ficaram valendo as normas atuais - para a União, a aplicação em Saúde do orçamento do ano anterior, mais a variação do PIB; para os Estados, 12% da arrecadação; para os municípios, 15%. A regulamentação traz, ainda, a vantagem de definir as ações que podem ser efetivamente classificadas como gastos com Saúde.

Prevê, inclusive, punições e sanções para quem descumprir as novas regras. Acaba, assim, com a "festa" de muitos prefeitos e governadores que faziam manipulações e chegavam a contabilizar gastos com aposentadorias, restaurantes populares, segurança pública e asfaltamento de ruas como dinheiro destinado à Saúde.

Fim da "farra" de governadores e prefeitos da oposição


A regulamentação da Emenda 29 é, assim, uma vitória do governo, da gestão da presidenta Dilma Rousseff. Vamos ver, agora, se os governos tucanos vão cumprir a legislação, ou vão fazer como fizeram com o piso nacional dos professores. Este, não só não cumpriram - nem cumprem - como recorreram ao Supremo Tribunal Federal (STF) na tentativa de arguir uma inexistente inconstitucionalidade da lei.
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