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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 06, 2011

Estado Brasileiro anistia Carlos Marighella no seu centenário

Antes tarde do que nunca. Depois de 42 anos o Estado Brasileiro finalmente pediu desculpas aos familiares de Carlos Marighella pela sua execução no dia 4 de novembro de 1969 em uma emboscada em São Paulo. A anistia ao líder guerrilheiro foi aprovada por unanimidade durante a primeira sessão da 53º Caravana da Anistia realizada nesta segunda-feira (5/12), no teatro Villa Velha, em Salvador, cidade onde nasceu e começou sua militância política. A data também marca o centenário de Marighella.
O teatro ficou lotado de lideranças sociais e políticas, familiares, amigos de luta e muitos admiradores da trajetória de Carlos Marighella, um baiano que morreu em defesa do direito à liberdade de todo o povo brasileiro. O governador da Bahia, Jaques Wagner; o ex-governador Waldir Pires; o presidente do PCdoB na Bahia, Daniel Almeida; senadores, deputados e vereadores estavam entre as autoridades presentes ao evento.
A relatoria do pedido de anistia coube a Ana Guedes, militante do PCdoB na Bahia, que após ler o relato sobre a trajetória de Marighella desde o início da sua militância política em Salvador, passando pelas prisões até a sua morte votou pela anistia de Marighella. Segundo Ana, Marighella é um ícone, um herói do povo brasileiro. Foi um homem totalmente voltado para a defesa do povo brasileiro e por isso foi muito perseguido, preso, torturado e assassinado. “O maior significado deste ato está em reafirmar o nosso desejo de que a anistia vingue. A anistia é uma conquista do povo brasileiro, pois no momento que o Estado pede desculpas à família, isso vai ficar gravado na memória do povo brasileiro, que isso que aconteceu com Marighella e com tantos outros brasileiros não pode mais acontecer”, disse. 
Unanimidade
O momento mais aguardado veio já no início da noite após muitos depoimentos emocionados sobre o homenageado e votação unânime da Comissão pela aceitação do parecer de Ana Guedes. “Pelos poderes a nós conferidos pelo Ministério da Justiça, a Comissão da Anistia declara anistiado pós-mortem Carlos Marighella. Com isso, Clara Charf e Carlos Augusto Marighella, pedimos as mais sinceras desculpas por tudo que o Estado Brasileiro fez contra seu companheiro e seu pai”, declarou o vice-presidente da Comissão da Anistia, Egmar Oliveira, para delírio da platéia.
“É muito importante que meus filhos estejam aqui para acompanhar este momento, que é o reconhecimento da trajetória de um grande homem. Há 42 anos, em um dia chuvoso, fui chamado a um jornal para reconhecer a foto de Marighella morto. Foi muito traumatizante, pois a foto era seguida de muitas mentiras sobre ele. Mentiras que foram sendo desmascaradas com o passar do tempo. Tudo porque Marighella sempre foi um herói e surge como inspiração para os jovens brasileiros. Eu estou muito feliz, porque são 40 anos lutando para que esta verdade seja reconhecida e este dia chegou”, afirmou o único filho do guerrilheiro, Carlos Augusto Marighella. 
A felicidade também estava estampada no rosto de Clara Charf, viúva de Marighella e uma das pessoas que mais lutaram para que o Estado reconhecesse seu erro e a verdade sobre o companheiro fosse restabelecida. “Esta Comissão é resultado do processo de democratização, que permitiu que chegasse a este momento, em que o povo brasileiro pudesse saber a verdade sobre o que aconteceu. Porque durante muito tempo eles mentiram e tentaram desmoralizar a vida das pessoas. Porque eles queriam esconder a resistência do povo brasileiro, que é o povo mais resistente do mundo”, ressaltou Clara, acrescentando que o ato não é apenas importante para a família de Marighella, mas para todo os brasileiros. 
De Salvador,


Desmatamento na Amazônia é o menor desde 1988


De acordo com Inpe, 6.238 quilômetros quadrados foram desmatados - uma queda de 11% em relação à última pesquisa, divulgada em 2010 
O governo anunciou nesta segunda-feira que o desmatamento na região amazônica entre agosto de 2010 e junho deste ano foi o menor da série histórica realizada pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que teve início em 1988. Foram desmatados 6.238 quilômetros quadrados. Em relação ao ano passado, houve queda de 11% da área desmatada. A queda do ritmo do desmatamento começou em 2004 e teve seu ápice este ano.
Apesar da redução de 15%, o Pará ainda é o estado que mais desmata: são 2.870 quilômetros quadrados de acordo com a última pesquisa. Mato Grosso vem em seguida, com 1.126 quilômetros quadrados – alta de 20% em relação ao estudo divulgado em 2010. Rondônia registrou 869 quilômetros quadrados de desmatamento, um aumento de 100%. “Ainda apresentamos estados extremamente sensíveis. Precisamos entender as causas dessa mudança de perfil”, disse a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira. Ao todo, Amazonas, Maranhão, Roraima, Acre, Tocantins e Amapá apresentaram queda nos números.
Recuperação - A maior parte da terra desmatada foi ocupada por pastagens (70%). Em contrapartida, 20% das áreas devastadas estão sendo reconstituídas por florestas. O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, acredita que a Amazônia poderá se transformar em um instrumento de absorção de carbono a partir de 2015, por meio de programas de recuperação das áreas desmatadas.
"A presidenta Dilma pediu para não dar trégua ao desmatamento, continuar a pressão e a presença do estado no combate ao desmatamento”, afirmou o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante. A pasta deverá investir 1 bilhão de reais até 2013 para construção de satélites brasileiros para monitoramento das florestas. 

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