Marta amplia apoios para lei anti homofobia
Foto: Felipe L. Gonçalves/Edição/247
Senadora fez modificações em projeto original de lei que criminaliza o preconceito aos gays; intenção foi aumentar áreas de consenso; crítica de cunho religioso, como as feitas pela Igreja Universal, do pastor Crivella, não são vedadas no novo texto; “só podemos dar um passo à frente de cada vez”, justifica a relatora; votação marcada para esta quinta
Ficaram especificados os atos puníveis como discriminação no mercado de trabalho, nas relações de consumo e na prestação de serviços públicos por homofobia. Marta também propõe acrescentar a homofobia nas agravantes do Código Penal. Desta forma, o crime de homicídio, se for motivado por discriminação por orientação sexual ou identidade de gênero, será classificado como qualificado, cuja pena é maior. Nos casos de lesão corporal, exposição ao perigo, injúria e incitação ao crime, se forem motivados por homofobia, a pena aumentar em um terço, chegando a detenção de até três anos.
A concessão mais polêmica feita no novo PLC 122 é a isenção das punições se a manifestação homofóbica for decorrente da fé. “Não podemos ignorar que muitas religiões consideram a prática homossexual uma conduta a ser evitada. Não podemos nos esquecer do princípio da liberdade religiosa, segundo o qual é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos locais de culto e suas liturgias”, disse Marta.
O contraponto, segundo a relatora, é a manutenção de artigo que criminaliza também a indução a pratica de violência por homofobia. Segundo Marta, esse dispositivo tem o apoio do senador e bispo da Igreja Universa,l Marcelo Crivela (PRB-RJ). “[Esse artigo] vai tornar menos agressivas algumas falas que nós escutamos contra homossexuais, e vai inibir algum tipo de expressão extremamente negativa. Vai ser muito difícil obter condenação, o que traz proteção aos religiosos, mas [o artigo] vai inibir de se falar”, disse Marta à imprensa.
Outra crítica do movimento LGBT é a retirada da garantia de que casais homoafetivos poderiam demonstrar afetividade em locais públicos ou privados abertos sem que fossem impedidos ou restringidos.
O novo PL contra Homofobia foi elaborado por Marta, com a ajuda do presidente da ABGLT (Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Transexuais, Travestis e Transgêneros), Toni Reis; do senador Marcelo Crivella, da Conferência Nacional de Bispos do Brasil (CNBB) e do líder do DEM no Senado, Demóstenes Torres (GO). Demóstenes foi convidado para ser o relator da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), para onde seguirá se for aprovado na CDH.
“Não é o projeto ideal, mas também não temos a força ideal”, comentou Toni Reis sobre o texto atual, pedindo calma à militância. Em sua defesa, a senadora afirma que, com as mudanças, o projeto tem chance de ser aprovado. “Se conseguirmos aprovar, nós vamos dar um passo adiante do que temos hoje, um passo do que é possível construir com esses senadores que temos, com esse ambiente que vivemos. Se nós formos esperar para ter um consenso para poder aprovar o PLC 122 original, aqui ele não tem nenhuma condição de passar”, afirmou.
O novo texto abriu uma cisão no próprio Congresso, na Frente Parlamentar LGBT. O presidente do grupo de parlamentares, deputado Jean Wyllys (PSOL-RJ), classificou o projeto como “inócuo” e “fingimento político”, e prometeu alterações quando ele voltar para a Câmara, onde teve origem e foi aprovado em 2006. “Na Câmara, poderão tentar fazer um texto mais de acordo com o que o segmento deseja - acho que é tão difícil quanto aqui - ou aprovar o que foi aprovado aqui e propor um novo [projeto], que faça outro avanço”, defendeu Marta.
Os deputados da frente reclamam que suas reivindicações não foram atendidas. Marta apresentou à frente uma proposta em setembro. Segundo Wyllys, as sugestões foram ignoradas. “Não podemos acatar um texto inócuo como o que está em pauta e que não leve em consideração as demandas justo da parcela da população da qual ele diz respeito”, afirmou o deputado.
Militantes gays independentes se organizam para protestar contra a nova redação e realizam um “twitaço” com a hashtag #PLC122deverdade. Muitos acreditam que, se aprovada como está, a Lei contra Homofobia não vai sair do papel. Estão programadas manifestações durante a votação no Senado.
**Blogdoamoralnato
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