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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, dezembro 08, 2011

Movimento Occupy Wall Street dá apoio a moradores despejados nos EUA

occupy-casas

Manifestantes anti-Wall Street lançaram uma nova onda de ativismo na terça-feira (6), no momento em que cidades pelos Estados Unidos encerram os acampamentos de dois meses do movimento Ocuppy Wall Street. Agora eles começaram a dar apoio a proprietários que resistem ao despejo de suas casas retomadas por falta de pagamento das prestações.
Manifestantes se reuniram em frente a uma casa em um bairro decadente de São Francisco, enquanto na vizinha Oakland ocuparam uma propriedade desocupada pertencente a um banco e a ofereceram como abrigo para moradores de rua. Em Los Angeles, eles ajudaram um ex-integrante da Marinha a enviar seus pertences de volta à sua casa hipotecada.
Na Filadélfia, manifestantes disseram estar se aproximando de uma estratégia semelhante para focar a atenção do público nos grandes bancos e em outros financiadores que se beneficiaram dos pacotes de resgate do governo, pagos pelos impostos cobrados dos cidadãos, para depois negar-lhes o direito a permanecer nas casas hipotecadas.
A mudança na estratégia foi feita depois que autoridades em muitas cidades dos EUA, muitas vezes citando condições de saúde e segurança, começaram a desmontar os acampamentos de protestos que surgiram como parte do movimento Occupy, que critica a desigualdade econômica e os excessos do sistema financeiro americano.
"As pessoas estão se recusando a sair", disse Vivian Richardson, falando em frente a sua casa no bairro de São Francisco, onde está lutando contra o despejo.
- Hoje é o dia nacional de reocupar nossas casas.
Ativistas anunciaram uma série de ações coordenadas em diversas das grandes cidades, organizadas por dezenas de grupos defensores do direito à moradia. Algumas tentativas anteriores para ocupar propriedades retomadas em São Francisco fracassaram quando manifestantes foram expulsos pela polícia.
Em comunicado, a Aliança de Californianos para o Fortalecimento Comunitário afirmou que a ocupação de casas hipotecadas é "uma nova fronteira" para o movimento.
- Essas ações fazem parte do começo de uma nova fronteira para o movimento Occupy: a liberação de residências pertencentes a bancos para aqueles que precisam delas, e a defesa de famílias ameaçadas de execução hipotecária e despejo.

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