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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 02, 2011

O mico do padre Marcelo



A religião definitivamente virou o assunto da "moda" na TV aberta. O SBT tentou incrementar seu ibope com a fé alheia. O "Domingo Legal" promoveu o sorteio de uma "benção" do padre Marcelo Rossi. O ganhador teve direito a uma visita do padre, que abençoou a residência e a família do, ahn, vencedor.

O "Domingo Legal" não estava sorteando uma casa, estava sorteando a benção do padre, campeão de vendas de livros e CDs, ícone do movimento carismático católico.
Mas, (graças a deus?) esse polêmico sorteio da benção do padre Marcelo na casa de um telespectador derrubou o ibope do "Domingo Legal", do SBT. O programa de domingo registrou o menor público de 2011.
Das 11h às 15h, a atração dominical do SBT teve 4,7 pontos de média de ibope, o menor desde janeiro. Nos minutos em que o padre participou do "concurso da benção com Celso Portiolli fez a audiência despencar: apenas 4,5 pontos. O resultado deixou o SBT em terceiro no ibope, atrás de Globo (9,3) e Record (8).
Cada ponto equivale por cerca de 58 mil domicílios assistindo ao programa na Grande São Paulo.
Padre Marcelo entrou na guerra do ibope do domingo a pedido de Portiolli e contra a simpatia dos fiéis.
Na semana passada, o SBT divulgou o "concurso da benção" Um dos telespectadores seria sorteado para que o padre Marcelo fosse até sua casa e a abençoasse (não é o sorteio de uma casa, apenas de uma benção).
O "sorteio" irritou membros e fiéis da igreja Católica em São Paulo, que consideraram "descabida" a participação do padre no programa.

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