Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 14, 2011

Rumores de Guerra

O rumor vem do Irão, com certeza, país que há quinze anos se diz, estar a quatro anos de obter uma arma atómica.
Apesar de tudo estas campanhas contra o Irão, não passam de desinformação e parte integrante do que se pode chamar guerrilha psicológica e, convém não esquecer, que a mobilização de tropas e manobras miltares estão a acontecer.
Vizinha do Irão, a Síria é vítima de ataques de toda a ordem, desde há alguns meses. Grupos armados cujas siglas nos mostram que pertencem a países terceiros, criam um clima de tensão extrema e provocam a morte a muitas pessoas entre militares e polícia sírios, mas também a civis. A Síria é ainda vítima de ataques mediáticos consecutivos por parte dos estados do "bloco ocidental", ataques estes, que não são mais do que tentativas de desestabilização económica e que afetam principalmente a população mais desprotegida, juntando a isto, as bárbaras sanções internacionais.
Um vizinho da Síria a oeste, o Iraque, foi destruído por uma longa guerra e vítima de diversas desestabilizações que criaram o caos, enquanto que mais a este, o Afeganistão está também arruinado, vítima de várias violências.. Recordemos que estes países, foram atacados antes por campanhas mediáticas, usando e abusando da mensagem e com jornalistas transformados em auxiliares militares, carregados de propaganda de guerra. O papel da imprensa parece não ter evoluído desde então.
Este rumor vem também da Rússia que se sentiu ameaçada com o escudo antimíssil e lembre-se que este escudo, tanto pode ser defensivo como ofensivo e que o escudo em si, são mísseis. Isto leva não só a ter medo de um ataque e/ou retaliação, mas também a possibilidade de fazer uma guerra com armas mais destrutivas. A Rússia anunciou que iria reagir a esse projecto por vários meios, entre outras coisas, uma realocação dos seus próprios mísseis. A Rússia também vê problemas no seu lado asiático: "Os EUA planeiam aumentar sua presença militar na Ásia Central e estabelecer grandes bases militares no Afeganistão. Estão preocupados com a Rússia" - disse o ministro dos negócios estrangeiros russo, Sergey Lavrov. "Além disso, as informações que chegam regularmente mostram que os nossos colegas norte-americanos querem aumentar sua presença militar na Ásia Central", disse.
Os interesses deste país também estão ameaçados na Síria e a Rússia ainda tem muitas outras razões para estar preocupada.
Estes rumores de guerra vêm também da China que tendo adquirido um poder imenso no campo militar, tecnológico e monetário está a concorrer para oo domínio global com o outro actor, os EUA.
"Não pode haver dois tigres na mesma colina" disse Deng Xiaoping.
Já o consultor estratega de Obama, Brzezinski disse: " Quem controla a EurÁsia controla o Mundo". Esta foi a última expressão de domínio global, por parte dos EUA.
O presidente chinês, Hu Jintao pediu à Marinha para estar pronta para lutar e continuar a sua modernização para salvaguardar a segurança nacional.
A China também tem emitido avisos muito claros, pedindo o fim das operações no Paquistão, seu vizinho, dizendo: "Integridade territorial e independência do Paquistão deve ser respeitada." Em Maio de 2011, a China forneceu soldados ao Paquistão.
Outras operações relativas à sua proximidade, como a aproximação de os EUA com a Birmânia ou a ligação dos EUA com a Austrália, têm preocupado a China. O New York Times publicou uma reportagem em 16/11 sobre isso, quando diz: "A Austrália está a ser usada pelos militares dos EUA como um novo centro de operações na Ásia, na qual os Estados Unidos se apoiam para se reafirmarem na região e enfrentar a ascensão da China."
A China também se sente ameaçada pelas operações na Síria e no Irão e também votou contra as resoluções da ONU para a Síria (lembre-se que o Conselho de Segurança é composto por três membros do "bloco ocidental" Estados Unidos , Reino Unido e França, um membro da Rússia e um membro da China sendo que esta última, também não apoiou a resolução da ONU sobre a Líbia e abstiveram-se da votação.
Os rumores de guerra são o anúncio do aumento da concorrência entre os gigantes do mundo... e de fora? Devemos temer um confronto? Podemos aceitar um confronto onde ninguém saíra vencedor, especialmente os povos da Europa? Será que nós humanos permitimos que joguem assim com o nosso destino? Deixo-o a si julgar.
*comtextolivre

Nenhum comentário:

Postar um comentário