Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, setembro 14, 2012

PSDB: mortes e arrastões em SP



Por Altamiro Borges
Nos bairros “nobres”, arrastões e policiamento reforçado. Nas periferias carentes, mortes, clima de medo e abusos policiais. Este é o cenário que domina a cidade e o estado de São Paulo na atualidade. A milionária propaganda tucana sobre os avanços na segurança pública, que insinuava um paraíso na terra, foi para o ralo. Há 18 anos no governo do estado e há oito na prefeitura da capital paulista, o PSDB e os seus satélites colhem os frutos da falta de investimento e da ausência de planejamento no combate à violência.

Ontem (11), uma operação da truculenta Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (Rota) resultou no assassinato de oito pessoas acusadas de ligação com Primeiro Comando da Capital (PCC), numa chácara em Várzea Paulista. Diante do fatídico resultado, o governador Geraldo Alckmin comemorou: “Quem não reagiu está vivo”. O comandante-geral da PM, coronel Roberval França, também aprovou a ação da Rota. “Todos os indicativos atestam uma ação legítima”. Dos 40 policiais que participaram da operação, nenhum saiu ferido.

300% de aumento das mortes

O episódio sangrento não foi uma exceção. De janeiro a julho deste ano, a PM de São Paulo já matou 271 pessoas – 15% a mais do que no mesmo período de 2011; somente em julho, houve aumento de 300% nas execuções em relação ao ano passado. A maioria das mortes ocorre em regiões carentes. Os dados são da própria Ouvidoria da Polícia Militar. Para o Instituto Sou da Paz, uma entidade de defesa dos direitos humanos, estes índices tão elevados são “injustificáveis, pois nenhum crime aumentou 300% neste período”. 

Se o medo toma conta da periferia, com a população ficando no meio do fogo cruzado entre bandidos e policiais, nas chamadas áreas “nobres” os sinais de violência também são crescentes. Na semana passada ocorreu o terceiro arrastão no bairro de Higienópolis, na capital, no restaurante La Frontera. Os assaltantes levaram pertences dos clientes e o dinheiro do caixa, mas ninguém foi ferido. “Teve gente que nem percebeu o assalto. Foram menos de três minutos”, relata o gerente do restaurante, especializado em carne argentina.
*Ajusticeiradeesquerda

Nenhum comentário:

Postar um comentário