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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, setembro 18, 2012

Analfabetos funcionais impedem melhoria do perfil político brasileiro

Pragmatismo Político

Na política existem também os analfabetos funcionais, aqueles que são providos de informações, todavia não conseguem penetrar nos meandros do multivariado universo partidário. Essa qualidade de eleitor dificulta bem mais a melhoria do perfil político do país do que os analfabetos completos

A política profissional cansa todo mundo, mas ninguém vive sem ela; assim, é melhor aceitá-la da forma a mais racional possível. Os inocentes e manipuláveis (a grande maioria) vivem metendo o “pau” nos políticos, pois deles esperam tudo de bom e maravilhoso para suas vidas. Votam “(in)seguros” e frustram-se logo a seguir ao constatarem que todas aquelas promessas foram em vão.

Já os eleitores mais conscientes se enfadam de ver a mesma coisa, o ciclo vicioso que se revigora a cada eleição, obrigando os políticos (mesmo os mais competentes e bem intencionados) a mentir deslavadamente, sob pena de sucumbirem nas urnas. Estes são muito mais minoria do que se pensa, tendo em vista os que são meramente “votadores”, aqueles que tiram onda de esclarecidos, porém não passam de “bobões”.
Quer dizer, em política existem também os analfabetos funcionais, aqueles que são providos de informações, todavia não conseguem penetrar nos meandros do multivariado universo partidário. Essa qualidade de eleitor dificulta bem mais a melhoria do perfil político do país do que os analfabetos completos, que normalmente se chama de “analfa de pai e mãe”. Isto porque muitos deles são referência em suas profissões e, portanto, são formadores de opinião.

Mundo de aparências também é refletido na cena política do Brasil

 

Tanto que é facílimo se ver pessoas politizadas terem seus pontos de vista relegados e banalizados devido a não possuírem curso superior ou mesmo certo patamar cultural enquanto físicos, médicos, advogados e até jornalistas são reverenciados por causa das opiniões que emitem, mesmo que sejam inconsistentes.
É que se vive num mundo de aparências. Normalmente, se dá mais credibilidade ao que um célebre matemático ou um notado linguista fala sobre política do que o que diz um sindicalista sem muita escolaridade.
Não é uma regra, mas a politização não depende necessariamente de escolarização, de ter mais cultura ou coisa assim. O melhor exemplo que o Brasil tem a esse respeito é Lula.

Para aqueles que vivem a parasitar a ignorância do povo, está tudo bem
*Cappacete

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