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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, setembro 17, 2012

Biblioteca do IFC expõe Bíblia com destaque. Que Estado laico é este?


Bíblia na biblioteca do IFC, campus Concórdia
Bíblia ocupa um lugar que deveria ser da Constituição
Toda biblioteca precisa oferecer aos seus frequentadores, evidentemente, pelo menos um exemplar da Bíblia, assim como do Corão, do Torah e dos livros fundamentais das diversas religiões. Trata-se, ali, de livros de objeto de estudos, como tantos outros. 

Mas a Biblioteca do IFC (Instituto Federal Catarinense), campus de Concórdia, dá tratamento privilegiado à Bíblia, reservando uma mesa só para ela, a exemplo do que ocorre em igrejas.

O responsável pela biblioteca deve achar a Bíblia mais importante do que outros livros, sem se dar conta de que o local não se destina à oração.


O IFC é uma instituição pública, federal, mantida, portanto, com o dinheiro de todos os brasileiros — crentes de variados credos (incluindo as não cristãs) e descrentes.


Por isso é a Constituição brasileira que deveria estar naquela mesinha, de modo que os frequentadores e o responsável pela biblioteca tomem conhecimento, entre outros, do artigo 19, o da laicidade do Estado brasileiro.


Assembleia de Mato Grosso tem foto de papa. Que Estado laico é este?
agosto de 2012

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*Paulopes

Aviltar ícone religioso faz parte da democracia, diz cientista político

cientista político Carlos Novaes
Para Novaes, descrente não pode ser
obrigado a respeitar símbolo religioso
O direito de crença tem de ser respeitado, mas isso não significa que os descrentes têm de respeitar os ícones religiosos. Ninguém pode ser punido por vilipendiar esses símbolos, porque, em uma democracia, isso se insere no direito à opinião, ainda que a atitude possa ser de extremo mau gosto.

Essa é a opinião de
Carlos Novaes (foto), cientista político e comentarista do jornal da TV Cultura de São Paulo. Ele falou na sexta-feira (14) sobre esse assunto a propósito das reações em países de cultura islâmica ao polêmico filme americano Innocence of Muslims ("A Inocência dos Muçulmanos"), que mostra Maomé como mulherengo e violentador de crianças.

Para Novaes, o filme é uma provocação infantil que já causou várias mortes, mas ele deve ser combatido e repudiado na esfera da opinião pública, porque se trata de uma manifestação do pensamento que não pode ser cerceada. "Estabelecer uma punição para isso é um absurdo.”

Pastor chutou
santa em 1995
Em um paralelo com o Brasil, Novaes comentou o episódio de outubro de 1995 do chute em uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida pelo bispo Sérgio Von Helder, em um programa na TV Record.

Para o cientista político, o que Helder fez foi um infantilidade, mas, disse, uma “sociedade que não pode tolerar que se chute uma santa é uma sociedade comprometida do ponto de vista da democracia”.

“Os símbolos religiosos só são sacramentais para quem acredita naquilo”, afirmou. E ninguém, acrescentou, deve ser penalizado por isso.

"Símbolos religiosos só são
 sacramentais para o crente"

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Paulopes

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