Incêndio destrói + uma favela na Zona Sul de São Paulo
Fogo atinge área na Rua Cristóvão Pereira com Avenida Roberto Marinho
Neste ano, bombeiros registraram incêndio em 32 favelas em SP
Favela fica na Rua Cristóvão Pereira com Avenida Jornalista Roberto Marinho |
Serra desativou programa de prevenção de incêndios em favelas em São Paulo
Gilberto Kassab teve a chance de
reativar o projeto, de baixo custo e testado na gestão de Marta Suplicy,
mas preferiu editar um decreto para um programa que não recebeu
recursos até hoje
Enquanto prefeitura rejeita as boas ideias, população pobre sofre com sucessão de incêndios em favelas de SP (©Folhapress/Arquivo) |
“O problema dos incêndios em favelas já foi solucionado. É só a
prefeitura querer continuar o que já deu certo”, afirma o técnico do
laboratório de segurança ao fogo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas
(IPT), Jose Carlos Tomina, que foi responsável pela metodologia do
chamado Programa de Segurança Contra Incêndio, implantado em parceira
com a prefeitura e com empresas de equipamentos de proteção contra fogo.
O projeto foi implantado nas favelas Vila Dalva, na zona oeste, Maria
Cursi, na zona leste, Jardim Jaqueline, na zona oeste, Cabuçu, na zona
norte, Viela da Paz, na zona sul e o Cortiço da Rua Sólon, no centro. Em
cada uma, 50 moradores foram treinados para atuarem como brigadistas e
cada um deles recebeu dois extintores de incêndio polivalentes, capazes
de apagar fogo de qualquer natureza.
“Os bombeiros são muito importantes, mas quando eles chegam o fogo já
destruiu muito. Os brigadistas impedem que o fogo se espalhe por já
estarem na comunidade e agirem rapidamente”, conta Tomina. Segundo ele,
os brigadistas apagaram mais de 100 incêndios e conseguiram controlar
todas as ocorrências antes que tomassem grandes proporções. “É muito
barato. Precisamos apenas do equipamento de segurança para os
brigadistas e dos extintores. Isso é muito menos frente os gastos que se
tem para atender os desabrigados de grandes incêndios”.
Nos últimos cinco anos, o Corpo de Bombeiros contabiliza 530 incêndios
em favelas, e boa parte das ocorrências registradas este ano ainda não
entrou no cálculo. O tema chamou tanto a atenção que a Câmara Municipal
abriu uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar a
possibilidade de se tratar de uma atuação criminosa. Dominada pela base do prefeito Gilberto Kassab (PSD), porém, a CPI não realizou qualquer investigação até agora. Após mais quatro incêndios em duas semanas, o colegiado finalmente nomeou vice-presidente e relator, e montou um calendário de reuniões.
“Mesmo assim, a nova gestão [do ex-prefeito de São Paulo, José Serra]
não tocou o projeto, sem dar justificativa. Já tínhamos tudo pronto,
inclusive profissionais treinados, era só continuar”, conta. A Rede Brasil Atual
procurou a prefeitura para questionar por que o programa foi
interrompido e não obteve resposta. O coordenador-geral da Defesa Civil,
coronel Jair Paca de Lima, que assumiu o cargo em 2005, primeiro ano do
mandato do tucano, afirmou que não tem conhecimento sobre o programa
anterior.
Retomada
Em 2009, o vereador Celso Janete (PTB) apresentou um projeto de lei para
a implantação de um novo programa de prevenção a incêndios em favelas,
que foi aprovado em plenário. Quase um ano depois, o prefeito Gilberto
Kassab, então do Democratas, firmou um decreto que criou o Programa de
Prevenção Incêndios em Assentamentos Precários (Previn).
“Quando fiquei sabendo que seria lançado um programa nos moldes do
anterior procurei a coordenadoria das subprefeituras e me dispus a
ajudá-los a montar o projeto, com o know-how que eu já possuía. Nunca
recebi um retorno”, conta Tomina.
Semelhante à ação da gestão Marta, o programa, implantado em 2010, prevê
nomeação de um zelador comunitário, instalação de hidrantes e retirada
de “gatos” de energia. A Rede Brasil Atual solicitou informações
sobre o andamento do programa a Secretaria das Subprefeituras,
responsável pela ação, mas não obteve resposta. No Orçamento de 2011, o
projeto chegou a receber dotação orçamentária de R$ 1 milhão, mas,
segundo as planilhas disponíveis, nada foi efetivamente investido. Neste
ano, novamente o montante executado foi nulo.
Sarah FernandesNo Rede Brasil Atual
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