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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, dezembro 05, 2012

Horror em dose dupla: Além de apoiar  redução da maioridade penal, senador tucano é acusado de falsificar assinatura de apoio 
 

Senador do PSOL acusa tucano de falsificar apoio à PEC da maioridade penal


GABRIELA GUERREIRO


A PEC (proposta de emenda constitucional) que prevê a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos provocou nesta quarta-feira (5) um desentendimento entre os senadores Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP). Autor da PEC, Aloysio reagiu à acusação de Randolfe de que a assessoria do tucano teria falsificado sua assinatura em apoio à tramitação da proposta.

Irritado com o senador do PSOL, que publicou em seu blog as acusações, Nunes pediu que a CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) apure o caso.
"Eu não posso conviver com essa acusação de que fraudei a assinatura de um colega. É uma acusação infame que causou, da minha parte, profunda tristeza e indignação. Peço que seja aberta sindicância para apurar o que aconteceu", afirmou o tucano.

Nunes recolheu assinaturas para que a PEC tramite no Senado, como é previsto pelo regimento da Casa - para todas as propostas de emenda à Constituição. A PEC está na pauta da CCJ desta quarta-feira.

Em seu blog na internet, Randolfe disse que sua assinatura foi colhida em uma folha avulsa, sem a explicação da proposta.

"Não autorizo que minha assinatura seja utilizada em apoiamento a este projeto. Já estou solicitando à Secretaria Geral da Mesa do Senado a retirada da minha assinatura a essa PEC e solicitando o porque de minha assinatura constar de um projeto o qual tenho total discordância", disse o senador do PSOL.

Em defesa de sua assessora que colheu a assinatura, Nunes disse que ela tem sua "total confiança" e "jamais falsificaria" qualquer informação. "É uma acusação infamante. Diante da possível fraude, ele diz que ia me investigar. Quem quer investigá-lo sou eu", afirmou Nunes.

Presidente da CCJ, o senador Eunício Oliveira (PMDB-CE) deu prazo até a próxima semana para que Randolfe se explique na comissão antes de encaminhar o caso ao Conselho de Ética do Senado. "Com a certeza absoluta de sua lisura, decido que aguardemos uma manifestação do senador Randolfe sobre esses acontecimentos", disse Eunício ao tucano.

Randolfe não apareceu na reunião da CCJ para comentar o caso. No blog, ele diz que sua posição individual e do PSOL é contrária à redução da maioridade penal - por isso não apoiaria a tramitação da proposta. "Eu editei, no ano passado, o Estatuto da Criança e do Adolescente e fiz questão de reafirmar tal posicionamento", afirmou.

APOIO

Aloysio Nunes teve o apoio de diversos senadores, tanto do governo quanto da oposição. Líder do governo, o senador Eduardo Braga (PMDB-AM) disse torcer para que as declarações de Randolfe sejam um "ruído de comunicação" diante da postura de "seriedade e reconhecimento" do tucano.

Líder do PSDB, o senador Álvaro Dias (PR) disse estar "impactado" com tal acusação e prestou solidariedade ao colega de partido. "É inacreditável que um senador tenha feito essa acusação gravíssima. Cabe ao senador Randolfe vir esclarecer um fato. O senador Aloysio é um parlamentar íntegro, não merece esse tipo de acusação."

.FSP
*Mariasdapenhaneles

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