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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, dezembro 11, 2012

Mano Brown defende impeachment de Geraldo Alckmin

Racistas otários nos deixem em paz




Durante a entrega do Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos, o líder do Racionais MC´s também denunciou o genocídio dos jovens negros na periferia da capital paulista

 Mano Brown, integrante do grupo de rap Racionais MC’s, defendeu o impeachment do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em discurso feito na Assembleia Legislativa (Alesp), na última segunda-feira (10). O rapper foi um dos vencedores do XVI Prêmio Santo Dias de Direitos Humanos.

“Ele é o governador que usou as mortes como instrumento de domínio. A gente está assistindo como se fosse guerra de quadrilha. Uma quadrilha com autorização do governo e a outra que está desarmada, de costas. Então, o que temos que fazer realmente é o impeachment”, disse Brown.  
O pedido de impeachment é defendido pelos movimentos que compõem o Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica. Brown também usou a expressão “genocídio” para fazer referência às ações policiais que resultam na matança de jovens nas periferias.

O prêmio é concedido pela Comissão de Direitos Humanos da Alesp. Ainda foram contemplados os jornalistas André Caramante, Leonardo Sakamoto e Danilo Manha, a defensora pública Daniela Skromov de Albuquerque, Ariel de Castro, Sonia Aparecida dos Santos, e as organizações Educafro, Casa de David e Movimento Nacional de Direitos Humanos.

Caramante não compareceu à cerimônia, pois deixou o país após o coronel e vereador eleito Paulo Telhada incitar seus seguidores no Facebook contra ele, uma reação à reportagem “Ex-chefe da Rota vira político e prega a violência no Facebook”, publicada na Folha de S. Paulo.



*Cappacete

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