Pepe Escobar: “Irã - nada como acordar com um “drone” no bolso”
Pepe Escobar, Asia Times Online – The Roving Eye
Traduzido pelo pessoal da Vila Vudu
Talvez não seja Predator mortífero equipado com um míssil Hellfire
dos que incineram casamentos de pashtuns no Af-Pak, mas nesse nosso
Bravo Valente Novo Mundo dos Veículos Aéreos Não Pilotados – conhecido
também como a “Guerra dos Drones de Obama” – qualquer ScanEagle muito mais lento, fabricado por subsidiária da Boeing, já nasce com direitos adquiridos de roubar a cena.
Lá está hoje, a estrela do show, numa TV iraniana, depois de capturado sobre o Golfo Persa. Vídeo a seguir:
Os
cabeças-de-bagre especialistas em geopolítica, já fartos da mesma
conversa fiada regurgitada incansavelmente por generais norte-americanos
pelos canais Fox e CNN, certamente se deleitarão com a faixa
ultrarretrô “Esmagaremos os EUA sob nossos pés”, para nem falar da
peculiar produção de valores pelo Corpo de Guardas Revolucionários
Islâmicos [orig. Islamic Revolutionary Guard Corps (IRGC) no front de Relações Públicas.
O subalmirante Ali Fadavi, comandante da Marinha do IRGC, disse que o ScanEagle
foi “caçado” e “obrigado” a “pousar eletronicamente”, depois que
invadiu espaço aéreo do Irã. Bem... Talvez tenha sido um pouco mais
complicado. A melhor explicação ainda é a do sempre delicioso blog Moon of Alabama: os Guardas Revolucionários, provavelmente, desabilitaram eletronicamente a conexão de satélite do drone e, em seguida, assumiram a linha de controle por rádio da linha de visão.
Ali Fadavi
Além de garantir piadas sem fim, do tipo “os gatos persas derrubam o besouro [orig. drone] dos EUA” – serviço completo, com fotos de gatos gordos brincando com o modelo made-in-Iran do RQ-170s (o drone
que o Irã capturou ano passado) – a coisa é quase tão boa quanto a mais
recente reportagem (em 2011) de Bob Woodward, que flagrou um dos homens
de Rupert Murdoch que operam o canal Fox News tentando vender (literalmente) ao general Petraeus a ideia de tornar-se candidato à presidência, como representante pessoal de Murdoch, nas eleições para a Casa Branca. General bagre-ensaboado-à-moda-canal-Fox [orig. Foxy General, intraduzível], sabe-se lá?
O
general canal Fox-Petraeus, por falar dele – mesmo antes de a coisa ter
virado “corporal” com a fã & gostosinha Paula Broadwell – jamais se
deixaria apanhar em situação tão degradante. Seus drones da CIA
no Af-Pak sempre foram e continuam a ser máquinas de matar confiáveis,
não essas porcarias de hoje, que só recolhem informação de inteligência
falhada, que não prestam para nada.
Esse novo capítulo do seriado Guerra dos Drones, oferece, pelo menos, uma trégua cômica, à Monty Python,
na desgraça cotidiana, ininterrupta – com a Turquia obtendo a aprovação
da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) para instalar
mísseis Patriot interceptores para “defender-se” contra algum doido sírio que se atreva a atravessar a fronteira.
Os
burocratas da OTAN em Bruxelas já começaram a espalhar aos quatro
ventos a negativa oficial, na linha do “Oh, não, não! Não queremos uma
zona aérea de exclusão sobre a Síria! É que a gente aqui adooooora
mísseis gordos, grandes e maus”.
Os EUA – sempre, sempre, como sempre – negam tudo que tenha a ver com o drone ScanEagle
que não voltou para casa. Um porta-voz do Comando Central da Marinha
dos EUA, no Bahrain, esse país-símbolo, exemplar, de democracia, disse
que “A Marinha dos EUA mantém pleno controle sobre todos os veículos
aéreos não tripulados [orig. unmanned air vehicles (UAV)] em operação na região do Oriente Médio”.
Drone ScanEagle na catapulta móvel de lançamento
Vai-se ver, é problema de terminologia: o Irã fica no Sudoeste Asiático – assim sendo, drones que andem “pivoteando” em área de “pivoteamento não entram na conta. Mas, calma; a coisa ainda melhora! O porta-voz disse também que “não temos registro de qualquer ScanEagle extraviado recentemente”. Quer dizer: só se a Marinha perdeu, além de um drone... também todos os registros.
O que se vê, são esforços frenéticos da Marinha para pôr a culpa... nos drones dos outros! Vai-se ver, esse ScanEagle
teria decolado de outro paraíso da democracia mantido pelo Conselho de
Cooperação do Golfo, os Emirados Árabes Unidos. Austrália, Canadá,
Países Baixos e até a Colômbia têm drones. A Grã-Bretanha e a França também fabricam drones, e a Rússia, logo, logo, também chega lá. Ou, quem sabe, um espião “Ai-raniano” do Mal roubou o tal drone em Dubai, quando andou por lá em expedição de compras.
Podem esperar: vai começar um boom de vendas de drones ScanEagle
em miniatura, de plástico, para trazer um refresco ao deprimido e
mortalmente super sancionado mercado iraniano – exatamente como
aconteceu ano passado, com o RQ-170.
Os gatos persas que vivem de Qom ao Mar Cáspio, depois de derrubá-los todos, com certeza farão um baile.
*GilsonSampaio
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