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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, dezembro 01, 2014

Economista francês diz que “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”

Autor do polêmico 'Capital no século XXI', economista francês Thomas Piketty está no Brasil e participou de tarde de debates na USP. Através da análise de dados estatísticos, Piketty aponta as contradições do capitalismo e as suas respectivas mazelas, como concentração de renda e desigualdade

Thomas Piketty economista francês
O economista francês Thomas Piketty (divulgação)
“A diminuição de desigualdade de renda depende de políticas de valorização do salário mínimo e de políticas inclusivas. A difusão de educação de qualidade é o mais importante mecanismo para diminuir a desigualdade de renda. É preciso também criar taxações progressivas de renda e fortalecer movimentos trabalhistas.”
São palavras do economista francês Thomas Piketty, em São Paulo. Ele está na cidade para promover o lançamento de seu polêmico livro “O Capital no século XXI”. Piketty participou na tarde desta quinta de um debate sobre a sua obra na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade (FEA-USP).
O título de seu livro remete ao clássico de Karl Marx. “Marx é possivelmente mais importante que Jesus”, disse ele na FEA.

Desigualdade e capitalismo

O livro de Piketty, recém-lançado em português no Brasil, vem sendo considerada uma atualização do livro de Karl Marx, “O Capital”, e transformou o economista em uma celebridade. Em seu provocativo livro, o autor conclui que a desigualdade de renda, que caiu por muitas décadas no século passado, voltou a aumentar no mundo.
O estudo avalia padrões econômicos e sociais, a partir da análise de dados inéditos de 20 países, em pesquisa que remonta ao século XVIII. A obra aponta uma contradição central no capitalismo que, em vez de dar oportunidades iguais de crescimento para todos, estaria tornando a desigualdade mais extrema, já que quem tem mais dinheiro consegue a riqueza em escala maior.
Segundo o economista, a desigualdade está aumentando porque o rendimento sobre o capital (aluguéis, ações, aplicações) tem sido maior que o da renda obtida com o trabalho e superior à taxa média de expansão da economia. Assim, quem tem dinheiro sobrando para investir vê o montante crescer mais que os que não têm.
De acordo com o autor, a sociedade estaria retornando ao “capitalismo patrimonial”, no qual as grandes economias vêm de dinastias familiares. Como possível solução, Piketty defende elevar o imposto pago pelos mais ricos e taxar as grandes fortunas.
informações de DCM e G1
*Pragmatismopolitico

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