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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 01, 2010

A pedofilia como doença endémica da Igreja Católica: Uma Igreja pedófila ou uma Igreja de pedófilos?





A pedofilia como doença endémica da Igreja Católica: Uma Igreja pedófila ou uma Igreja de pedófilos?

O flagelo da pedofilia tornou-se uma verdadeira doença orgânica da Igreja Católica. Nas condições actuais não pode ser derrotada pela acção hipócrita de censura, reprovação e condenação do Vaticano. Aliás basta olhar para o que fez a Igreja a todos os padres e bispos pedófilos americanos para perceber como, de facto, não reconhece a pedofilia como um crime e um comportamento inaceitável e classifica-a apenas como mais um "pecado" a ser excluído com a confissão.

No catecismo recentemente actualizado a pedofilia não é sequer mencionada no rol dos pecados. Em qualquer caso, a pena máxima prevista é pedir perdão e se arrepender. Como se o perdão e o arrependimento pudessem curar o dano quase permanente que marca as vidas das crianças abusadas para sempre. Até agora, a Igreja preocupou-se apenas em ocultar ao mundo as suas culpas, sem, na verdade, as reprimir.

Porque, entre as muitas religiões que existem no mundo, apenas a Igreja Católica está fortemente afectada de forma massiva pela doença da pedofilia?

Em primeiro lugar pela satanização da mulher, do sexo e do corpo. A mulher, apesar do culto da Virgem Maria e tantas santas, é concebida como instrumento do Maligno para corromper o homem corrupto.

Em segundo lugar pelo o celibato obrigatório. Se os padres pudessem casar-se e constituir família, poderiam ter uma vida sexual regular com a mulher que amariam, e certamente se criaria um ambiente mais normal dentro da rígida hierarquia da Igreja. Dentro de um par de gerações, o fenómeno da pedofilia poderia reentrar na normalidade fisiológica do mundo secular.

Em terceiro lugar pela monossexualidade da estrutura da Igreja. Do Papa ao padre da igreja de bairro a Igreja é gerida apenas por homens. Se as mulheres fossem admitidas ao sacerdócio em todos os seus graus até ao papado, se houvesse uma verdadeira igualdade entre homens e mulheres dentro da igreja, certamente tudo iria mudar para melhor.

Mas isso não é possível e na fantasia da Igreja a figura de uma Papisa é vista como demoníaca. Lembramo-nos da história-lenda da papisa Joana assassinada por uma turba na alta Idade Média, por iniciativa dos cardeais do Idade Média.

Finalmente, devemos considerar que a Igreja vê a vida humana como processo de expiação e de redenção para a vida eterna. Uma espécie de antecâmara, como premissa, que deverá sofrer, sofrer tanta dor para ganhar o céu. Este ponto de vista distorce todos os valores em função de uma almejada vida eterna. Nesta distorção, a concepção demoníaca da carne em oposição ao "espírito", insinua-se a patologia pedófila.

Em conclusão: sacerdócio para as mulheres e o pleno reconhecimento da igualdade de género, fim do celibato, reabilitação do corpo humano sobre o chamado "espírito", pode curar a Igreja de pedofilia. Mas é difícil imaginar uma reviravolta humanista e secular de um poder que vive e prospera graças a proibições que impõe ao sexo e é incapaz de encontrar no Evangelho a sua motivação profunda da verdade.

Será que esta gente anda possuida?

O secretário de Estado do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, reconheceu que o comportamento dos padres nesto caso da pedófilia, "é negativo, muito sério e escandaloso" mas frisou que a raíz do problema está identificado. "Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-me, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia". "É a verdade, é esse o problema", acrescentou. Depois da polémica, o esclarecimento: o que o cardeal Tarcisio Bertone queria dizer, quando ligou a pedofilia à homossexualidade, era que, "no seio da Igreja Católica" - e não entre a sociedade em geral -, a maioria dos casos de abusos sexuais são cometidos por padres gays. A prová-lo está um estudo interno feito pela Congregação para a Doutrina da Fé e ontem revelado pela Igreja Católica, que indica que "apenas cerca de 10% dos casos de abusos são actos de pedofilia; os restantes 90% revelam a atracção entre adultos e adolescentes". Desses, "60% envolvem indivíduos do mesmo sexo e 30% são de carácter heterossexual", informou o Vaticano numa nota divulgada pelo porta-voz Federico Lombardi.

E, acredita esta gente que se o Deus que dizem venerar existisse mesmo lhes abriria as Portas do Paraíso?

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