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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, outubro 15, 2010

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O Luiz Carlos Azenha postou, agora há pouco, a matéria da Record – na Globo isso não é assunto – sobre o caso “Paulo Preto” – Paulo Vieira de Souza, o ex-responsável pelas obras do Rodoanel, acusado pelos próprios dirigentes tucanos de ter se apropriado de R$ 4 milhões recolhidos como “caixa-2″ para a campanha de Serra.
É inacreditável a desfaçatez do ex-vice de Serra e atual governador de São Paulo, Alberto Goldman, sobre as razões para a demissão de Paulo Preto do Dersa, oito dias depois da inauguração:
- Este é um problema meu, como governador. Não tenho de dar explicações, nem a você (repórter), nem a ninguém.
Então está bem. A população não tem o direito de saber das razões do senhor Goldman, mas tem de ouvir, logo a seguir, o senhor Sérgio Guerra dizer que se trata de uma conspiração.
E amanhã, será que os nossos jornais terão ido à Rua Dr. Eduardo Souza Aranha, 255, onde o sr. Paulo teria um apartamento de luxo. Ou ao Detran, para saber se ele tem um Jaguar blindado. Ou à polícia, para saber do bracelete que teria procurado avaliar para comprar e que era roubado.
Aliás, as declarações de bens do senhor Paulo Vieira são, como as de todos os funcionários que exercem cargo comissionado, não são cobertas pelo sigilo legal.





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