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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, março 18, 2011

A COMUNA DE PARIS - 18 DE MARÇO DE 1871, 140 ANOS DO “ASSALTO AO CÉU".



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Às primeiras horas do dia 18 de março de 1871, há exatamente 140 anos atrás, a cidade de Paris era tomada pelos trabalhadores que saíram às ruas para instaurar o primeiro governo liderado por trabalhadores.

esquerda e acima: decreto que aboliu, entre outras coisas, o serviço militar obrigatório; direita e acima: estátua de Napoleão I derrubada pelos comunardos apenas cinco dias antes dos primeiros ataques à Comuna por parte do antigo governo; abaixo: comunardos nas barricadas das rua parisienses
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A Comuna de Paris, como ficou conhecida, teve uma duração de 72 dias, sendo destruída por um massacre comandado pelo governo de Adolphe Thiers, em aliança com os prussianos.
A Comuna de Paris é considerada a primeira república democrática e popular. O governo revolucionário foi formado por uma federação de representantes de bairro (a guarda nacional, uma milícia formada por cidadãos comuns). Uma das suas primeiras proclamações foi a abolição do sistema da escravidão do salário de uma vez por todas.
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Mesmo derrotada logo após seu surgimento a Comuna de Paris ainda hoje é referência para a luta dos trabalhadores, principalmente pela grande efervescência da população parisiense 
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Prisioneiros sendo levados para Versales

que lutou bravamente contra a opressão do governo de Thiers e pela construção de uma sociedade livre de explorações.
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A luta pertence aos fortes.

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