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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, março 13, 2011

Discurso do ex-presidente Lula no Fórum da Al Jazeera

         

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Alguns trechos traduzidos da fala do presidente Lula, no Fórum da Al-Jazeera, Qatar em 13/3/2001, Al-Jazeera, Qatar
“(…) Fui eleito presidente do Sindicado de Metalúrgicos com 92% dos votos. Depois de reeleito, poderia ter continuado lá, por mais trinta, quarenta anos, presidente daquele sindicato. Mas quando fui reeleito presidente do meu sindicato, consegui que a Assembleia Geral dos trabalhadores aprovasse regra pela qual nenhum presidente de sindicato poderia ser eleito para terceiro mandato. Na presidência da República fiz o mesmo. Poderia ter lutado por um terceiro mandato. Mas sou dos que acreditam que, para o bem da democracia, é preciso não brincar com a democracia. Ninguém deve brincar com a democracia. É preciso respeitar as regras do jogo.
Para nós, para respeitar a democracia, basta deixar que o povo se manifeste, que fale livremente, que os líderes não fujam do povo, não se escondam do povo.
De modo geral, em momentos de crise, os líderes encastelam-se em seus gabinetes, não vão às ruas. Mas é precisamente nos momentos de crise, quando o povo vai às ruas e desafia os líderes que foram eleitos para governar, que os líderes, eles e elas, devem ir às ruas e falar diretamente ao povo.
É preciso também não ver a oposição, como inimigos. A oposição deve ser vista como um cidadão, uma cidadã, que não está satisfeito com o que o está fazendo e que entende que é preciso mudar.
Acredito também que essa é a extraordinária razão pela qual é preciso valorizar muito a democracia. A democracia implica conviver, democraticamente, com o diferente, com a diversidade, democracia, democracia cultural, democracia nos meios de comunicação de massa, democracia na economia, democracia nas manifestações da sociedade.
Em meu país, digo todos os dias, que não há controle mais efetivo que a controle feito pelo cidadão, pela cidadã que assiste à televisão, que o cidadão, a cidadã que ouve rádio, que lê jornais. Ninguém precisa de censura pelo Estado, de censores que trabalhem a favor de um ou outro governo. Quem mente ao povo acabará por perder a credibilidade, para o bem ou para o mal.
Para que um governo sobreviva, é preciso comprometer-se com a verdade. Sobretudo hoje, quando a internet, a grande rede mundial, já ultrapassou todos os limites conhecidos da comunicação que o mundo conheceu antes dela. Nos velhos tempos, as notícias demoravam meses para chegar até nós. Depois, o tempo de espera começou a encurtar, 24 horas, 12, 6 horas, até hoje, quando as notícias e as informações nos chegam em tempo real.
Não há meio pelo qual alguém consiga continuar a mentir ao povo, na crença de que não será desmascarado numa ou noutra mentira. Acho que é por isso que a internet e os novos meios de comunicação têm causado tantas dores de cabeça a alguns governos no mundo. Mas, ao mesmo tempo, a internet e os novos meios de comunicação prestam extraordinário serviço no fortalecimento da democracia, no meu país e no mundo.
Queira deus que algumas das pessoas interessadas em ajudar o Oriente Médio dediquem-se a entender o que se passa no meu país, no Brasil. Que se dediquem a entender o que aconteceu no Brasil. Porque muito do que aconteceu no Brasil ajudará o mundo a construir uma nova democracia, a nova democracia pela qual, hoje, o mundo está clamando. Muito obrigado.”
Al Jazeera Forum: Lula da Silva
The former president of Brazil addresses the Sixth Annual Al Jazeera Forum on the topic of the Arab world in transition


Palestra de Lula no Qatar

O ex-presidente Lula  fez neste  domingo a palestra  no fórum anual da rede de TV Al Jazeera, em Doha (Qatar). Lula  foi convidado para falar sobre a consolidação democrática no Brasil. O principal tema do encontro será a onda de protestos contra ditaduras no mundo árabe.
Lula disse neste domingo, durante evento promovido pela rede de TV Al Jazeera em Doha (Qatar), que o exemplo brasileiro de democracia pode servir de modelo ao Oriente Médio.

Conforme a programação divulgada pela emissora, Lula falou  antes do ministro das Relações Exteriores da Turquia, Ahmet Davutoglu. Também participam do fórum analistas políticos, jornalistas especializados em Oriente Médio e representantes de outros governos da região.
Lula no Qatar
Ex Presidente Lula durante encontro com o chanceler turco Ahmet Davutoglu no Qatar. (Fotos de Ricardo Stuckert. Enviado por,Kalil Bittar)

Esta foi a a terceira viagem internacional de Lula como ex-presidente. Em fevereiro, ele foi ao Senegal, para o Fórum Social Mundial, e à Guiné, para o início das obras de uma ferrovia da Vale.

FHC não ganhou tantos prêmios quanto Lula

Lula está numa fase de prêmios e condecorações. Ele receberá, no final deste mês, em Portugal, o título de doutor Honoris Causa da Universidade de Coimbra, uma das mais tradicionais da Europa. A presidente Dilma Rousseff já confirmou presença na solenidade.

Lula foi convidado para receber o título ainda quando era presidente. Mas decidiu que somente aceitaria uma distinção desta natureza quando deixasse o cargo. O antecessor de Lula, Fernando Henrique Cardoso, tornou-se doutor Honoris Causa de Coimbra em 1995.Mas nunca recebeu um prêmio da universidade
*osamigosdopresidentelula

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