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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, maio 20, 2011

Fidel: Vão bombardear a Espanha?

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Aos quase 85 anos, os olhos de Fidel Castro estão abertos para o mundo real. Leia o texto que ele publicou agora à tardinha:

A insustentável posição do império

Ninguém pode garantir que um império em agonia não arraste o ser humano para o desastre.
Como se sabe, enquanto existir a vida de nossa espécie, cada pessoa tem o sagrado dever de ser otimista. Eticamente outro comportamento não seria admissível. Lembro-me bem um dia, quase 20 anos, disse que havia uma espécie em perigo de extinção: o homem.
Antes de um seleto grupo de governantes burgueses, bajuladores do império, incluindo a massa imensa de bem-alimentados, da Alemanha, Helmut Kohl, e outros de sua estirpe,  que fizeram coro a Bush pai -  menos alienado de seu próprio filho George W. Bush – não poderia deixar de expressar aquela verdade que via como muito real, ainda que ainda mais distante que hoje, o mais honestamente possível.
Ao ligar a TV em torno de 12:15 horas de hoje (ontem), porque alguém me disse que Barack Obama faria o seu discurso sobre política externa, prestei atenção às suas palavras.
Eu não sei por que, apesar das pilhas de despachos e das notícias que ouço todos os dias, em nenhum deles vi a notícia de que ele falaria a essa hora. Posso assegurar aos leitores que não são poucos os disparates e mentiras, que leio, ouço ou vejo em imagens todos os dias, entre verdades e fatos dramáticos de todos os tipos. Mas este caso foi algo especial. O diria dizer o cara, nesta hora, neste mundo agoniado com os crimes imperiais, os massacres e os aviões sem pilotoes jogando bombas mortíferas, que nem mesmo Obama, agora o dono de certas decisões de vida ou morte, imaginaria  como um estudante de Harvard faz só algumas dezenas de anos?
Ninguém suponha que, é claro, que Obama é o dono da situação, só lida com algumas palavras importantes que o velho sistema deu originalmente ao “presidente constitucional” dos EUA. Neste momento, após 234 anos da Declaração da Independência, o Pentágono e a CIA controlam os principais instrumentos que o  poder imperial criou: a tecnologia para destruir a humanidade, em questão de minutos, e os meios para penetrar nessas sociedades, enganar e manipulando descaradamente o tempo necessário, pensando poder do império não conhece limites. Confiança para lidar com um mundo dócil, sem qualquer perturbação, todo o tempo futuro.
É absurda a idéia, em que fundamentam o mundo de amanhã, como o  “reino da liberdade, justiça, igualdade de oportunidades e direitos humanos”. Por que são  incapazes de ver o que realmente acontece com a pobreza, a falta de serviços básicos educação, saúde, emprego e algo pior: a satisfação das necessidades básicas como comida, água, abrigo e muitas outras.
Curiosamente, alguém poderia perguntar, por exemplo, o que acontece com as 10 mil mortes por ano causadas pela violência relacionada às drogas, principalmente no México, ao que se pode adicionar os países da América Central e vários dos mais populosos do sul do continente?
Eu não guardo em mim qualquer intenção de ofender essas pessoas, o objectivo é apenas para destacar o que acontece com os outros quase diariamente.
Uma pergunta  tem-se de fazer quase que imediatamente: o que acontece na Espanha, onde as massas protestavam nas principais cidades porque até 40% dos jovens estão desempregados, para citar apenas uma das causas das manifestações desse povo combativo ? Será que eles vão começar a bombardear este país da Otan?
No entanto, a esta hora, em 4:12 da tarde, não foi publicado na versão oficial em espanhol do discurso de Obama.
*tijolaço

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