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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, maio 03, 2012

1º dia da CPI-


1º dia da CPI tem dilemas não resolvidos

A DELTA SERÁ INVESTIGADA NO BRASIL OU APENAS NO CENTRO-OESTE? FERNANDO CAVENDISH VAI SER CONVOCADO? QUANDO?; E O PROCURADOR-GERAL ROBERTO GURGEL?; QUANTO A CARLINHOS CACHOEIRA, PRIMEIRO DEPOIMENTO FOI MARCADO PARA O DIA 15; ÀS 19H52, SESSÃO FOI ENCERRADA ABRUPTAMENTE PELO PRESIDENTE VITAL DO RÊGO

247 – O primeiro dia de trabalho da CPI Mista do Cachoeira teve três grandes protagonistas – cada um deles por um motivo distinto. O campeão de citações, sem dúvida, foi o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Depois, o ex-presidente e atual senador Fernando Collor teve seu momento de brilho. Por fim, um dos nomes mais citados pelos parlamentares foi o da empreiteira Delta, do empresário Fernando Cavendish.
Entre esses destaques, o que se viu foi a participação generalizada dos 30 integrantes da comissão. Já ficou nítido, desde esse primeiro momento, qual deve ser o jogo de cada um. No conjunto, eles procuraram estabelecer um plano de trabalho e projetaram a extensão dos debates e inquirições até o último trimestre deste ano. Surgiu uma divergência entre atuar duas ou três vezes a cada semana. Igualmente não havia consenso, até o início da noite, em relação à convocação do personagem que dá o nome popular à CPI: o contraventor Carlinhos Cachoeira.
Alguns integrantes da comissão, como o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ), defenderam que o início das investigações se dê pelo depoimento de Cachoeira. “Réu preso tem prioridade”, disse o parlamentar, referindo-se a Cachoeira. Mas outros políticos optaram por sustentar que Cachoeira terá de ser chamado a falar mais de uma vez, mas não necessariamente no início dos trabalhos.
O debate em torno do procurador-geral se deu pela sua convocação ou não pela comissão. Houve quem sustentasse que Gurgel não pode ser obrigado a comparecer, mas também foram feitas defesas do poder da CPI para chamá-lo obrigatoriamente.
VACAREZZA CRITICA GURGEL - O deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP) defendeu a convocação de Gurgel. “O procurador ter sentado nestas investigações por 4 anos não é correto. Ele deve explicação para a sociedade brasileira”, disse o ex-líder do governo na Câmara, em referência a inquérito que poderia comprometes o senador Demóstenes Torres, também protagonista das investigações sobre o bicheiro Carlinhos Cachoeira. Com esse posicionamento, Vacarezza vocalizou a estratégia do PT de restringir as apurações às ligações entre Cachoeira e Torres, em lugar de trabalhar por uma maior abertura de foco.
Mais:

Fernando Collor: “diretor de revista semanal coabitava com criminoso”


SENADOR ALAGOANO DIZ QUE CPI TEM QUE RESPEITAR SEGREDO DE JUSTIÇA, MAS FAZ PRIMEIRO DISPARO CONTRA A IMPRENSA; PAULO TEIXEIRA CITA O 247 E DIZ QUE INQUÉRITO JÁ VAZOU

247 – No primeiro dia da CPI do Cachoeira, o senador Fernando Collor tem sido um dos parlamentares mais ativos. Em suas falas e apartes, tem lutado para fazer com que a CPI cumpra a determinação judicial e proteja o segredo de Justiça do inquérito enviado pelo Supremo Tribunal Federal ao Congresso. “Do contrário, estaríamos conspirando contra o Estado de Direito”, disse o senador.
Collor, no entanto, foi o primeiro a criticar, ainda que veladamente, a imprensa. “Como jornalista, nunca vi um diretor de uma revista semanal coabitar durante tanto tempo com um contraventor”, disse ele. Embora não tenha citado nomes, o ex-presidente aparentemente se referiu a Policarpo Júnior, da revista Veja.
Em seguida, o deputado Paulo Teixeira (PT/SP) falou sobre a impossibilidade de preservar o sigilo. “O inquérito já está em dois endereços eletrônicos: Brasil 247 e Lei dos Homens”, disse ele.

Presença de Protégenes em CPMI é questionada (PSDB)


"O DEPUTADO É DIRETA E PESSOALMENTE INTERESSADO NA INVESTIGAÇÃO QUE FAREMOS AQUI, SEJA PORQUE MANTÉM AMIZADE ÍNTIMA COM OS INVESTIGADOS, SEJA PORQUE ELE PODERÁ FIGURAR NO ROL DOS INVESTIGADOS", DISSE O SENADOR CÁSSIO CUNHA LIMA

Agência Brasil – Na abertura dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Cachoeira, o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) questionou a presença do deputado Protógenes Queiróz (PCdoB-SP) entre os integrantes da comissão. Antes de iniciar a votação dos requerimentos, Cunha Lima alegou que Protógenes tem ligações com o grupo do empresário Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
"O deputado é direta e pessoalmente interessado na investigação que faremos aqui, seja porque mantém amizade íntima com os investigados, seja porque ele poderá figurar no rol dos investigados", disse o senador ao levantar questão de ordem.
O pedido do senador para que Protógenes fosse impedido de participar da CPMI não foi aceito pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB). Não cabe à presidência do colegiado definir quem comporá a comissão", destacou Vital do Rêgo, que lembrou que as indicações dos participantes foram feitas pelos partidos, obedecendo o critério da proporcionalidade.
Mais:

Gurgel, que deve explicações, recusa ir à CPI


PROCURADOR-GERAL DA REPÚBLICA NÃO QUER FALAR; DEPOIS DE TER ENGAVETADO DURANTE TRÊS ANOS ABERTURA DE PROCESSO CONTRA O SENADOR DEMÓSTENES TORRES E DEIXADO PASSAR A CHANCE DE INVESTIGAR O GOVERNADOR MARCONI PERILLO, DE GOIÁS, ROBERTO GURGEL PERDE MAIS UMA CHANCE DE SER TRANSPARENTE

247 – O Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, está perdendo mais uma chance de dar transparência ao seu trabalho. Em conversa com o presidente da CPI do Cachoeira, senador Vital do Rêgo, ele recusou o convite que lhe seria feito para depor na comissão. Gurgel segurou, durante três anos, um pedido de abertura de processo contra o senador Demóstenes Torres, ligado ao contraventor Carlinhos Cachoeira. Recentemente, pediu a abertura de investigação sobre o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), mas não exigiu o mesmo procedimento em relação ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). Os grampos da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, no entanto, apontam muito mais para um possível envolvimento de Marconi no esquema de Cachoeira, de quem é suspeito de ter recebido R$ 500 mil, do que de Agnelo, contra quem não surgiram provas de participação ou conivência com a organização criminosa.
Abaixo, notícia publicada a respeito pelo porta UOL:
Procurador-geral recusa convite para falar em CPI
MÁRCIO FALCÃO e GABRIELA GUERREIRO, de BRASÍLIA - Em conversa com o comando da CPI do Cachoeira, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, recusou o convite para falar sobre o inquérito que investiga o senador Demóstenes Torres (sem partido- GO) e as relações do empresário de jogos ilegais Carlos Cachoeira, com políticos e agentes privados.
Mais:

Collor dá o tom na CPI


Ex-presidente reencontra na comissão parlamentar um palco para voltar brilhar; oratória apurada e incisiva já dita os rumos da comissão; ele foi o primeiro a pedir a convocação de Roberto Gurgel e a insinuar uma ligação espúria entre a imprensa e a quadrilha de Carlos Cachoeira


247 – Na primeira sessão da CPMI do Cachoeira, o parlamentar que mais se destaca é o ex-presidente da República, Fernando Collor de Mello. Ele acaba de insistir para que os parlamentares convoquem o procurador-geral da República, Roberto Gurgel. “Não há nada na Constituição que impeça”, disse ele. “Ele precisa explicar por que recebeu informações contra o senador Demóstenes Torres em 2009 e não tomou nenhuma providência”. Collor contou com o apoio do deputado Carlos Sampaio (PSDB/SP), que é procurador e também defende a convocação de Gurgel.
Nesta manhã, o presidente da CPI, senador Vital do Rego (PMDB/PB), e o relator, deputado Odair Cunha (PT/MG), convidaram o procurador Gurgel a comparecer espontaneamente – o convite foi recusado e ele só irá se for convocado.
Collor, ex-jornalista, foi também o primeiro a levantar a questão das relações entre a quadrilha de Carlos Cachoeira e a imprensa. “Nunca vi um diretor de uma revista semanal coabitando durante tanto tempo com um criminoso”, disse o ex-presidente da República.


Acuada, Veja ataca a imprensa livre


NO PRIMEIRO DIA DA CPI, O REPÓRTER GUSTAVO RIBEIRO, O MESMO QUE TENTOU INVADIR UM QUARTO DE HOTEL EM BRASÍLIA, TENTA INVESTIGAR RELAÇÕES COMERCIAIS PRIVADAS ENTRE UM VEÍCULO DE COMUNICAÇÃO, O 247, E SEUS ANUNCIANTES; TEMOR DA ABRIL, COMANDADA POR FÁBIO BARBOSA, DIZ RESPEITO À CONVOCAÇÃO DE CIVITA E POLICARPO

247 – Veículos de comunicação, em todos os países livres, são mantidos por receita publicitária, tanto pública, como privada. É o caso do Brasil 247, primeiro jornal brasileiro desenvolvido para o iPad, e também da revista Veja. No nosso caso, a participação privada na receita total é substancialmente maior do que a oriunda de agentes públicos. Veja, além da receita publicitária tradicional, pública e privada, conta ainda com vendas de assinaturas para governos, em todas as esferas. A Abril, que edita Veja, também comercializa livros didáticos.
Nesta tarde, dia da primeira sessão da CPI instalada para investigar as atividades do bicheiro Carlos Cachoeira, o repórter Gustavo Ribeiro, o mesmo que tentou invadir um quarto de hotel em Brasília, numa reportagem produzida a partir de vídeos entregues pela quadrilha investigada pela CPI, foi escalado para realizar mais um trabalho sujo. Subordinado ao jornalista Policarpo Júnior, Ribeiro tentou constranger anunciantes públicos e privados do 247 a fornecer informações protegidas por sigilo comercial.
Veja está acuada. Teme que tanto o jornalista Policarpo Júnior como o publisher Roberto Civita sejam convocados pela CPI. Trechos do inquérito da Operação Monte Carlo, publicado pelo 247, revelam que diversas matérias publicadas por Veja nos últimos anos foram dirigidas pelo esquema Delta/Cachoeira (leia mais aqui).
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