Irmãos Sardemberg, meninos de recado dos bancos
Com a acalorada discussão que agora se trava sobre a guerra
declarada pela presidente da República aos juros praticados pelos grandes
bancos do País, muito do que era disfarce e jogo de espelho começa a revelar-se
como o que de fato é, indisfarçável disputa pela apropriação de parcela
expressiva da renda nacional pelo setor financeiro.
Tivemos a oportunidade de anunciar ainda em agosto de 2011
que o governo preparava-se para fazer da redução dos juros a espinha dorsal de sua
política de incentivo aos investimentos, ao consumo e às
exportações. Vale dizer, de uma efetiva política de longo prazo de renda e
emprego benéfica ao País. Acertamos.
Nesse tempo, que não vai longe, a rede Globo de
Televisão patrocinava em seus telejornais uma espécie da “liga da injustiça”. Integravam-na Alberto
Sardemberg, Miriam Leitão e um grupo imberbes rapazolas representantes dos
departamentos econômicos do quarteto dos maiores bancos
brasileiros.
A finalidade era a de inverter a legitimidade do comando da
economia, fazendo-a deslocar-se do governo democraticamente eleito 4 anos antes
– o de Lula da Silva – para o sistema
financeiro e a sua rede de intermediários e beneficiários mais diretos, os
setores rentistas.
Aproveitavam a natural fragilidade do governo que se
encerrava para fazerem dos interesses da banca o farol para as decisões econômicas
do governo. Nada mais relevante então, segundo eles, para as definições do que seria melhor
para o País que as projeções do chamado boletim Focus.
Elaborado pelo Banco
Central, esse boletim é um apanhado de projeções elaboradas pelos economistas
dos bancos privados, que antecipam à sociedade (melhor seria dizer, advertem-na) sobre quais
os níveis desejáveis para a taxa de juros, os gastos governamentais e
o câmbio a que as autoridades deveriam dar ensejo no período subsequente ao da sua divulgação.
Com o enfoque de cartilha que se
dava (e ainda se dá) ao estudo, pretendia-se
fazer passar as expectativas sobre o curso de maior conveniência a um
determinado setor
da economia, o bancário, como expressão do que seria o interesse geral
da
sociedade e reflexo de um auto-referido "pensamento do mercado".
Mercado que sem indústrias, sem comércio, sem agricultura e sem
trabalhadores tem nos bancos o fim e o começo.
As sucessivas remarcações para baixo
dos juros pelo banco
central sem consideração à banca, e mais recentemente a redução das
taxas
praticadas pelos bancos oficiais, frustraram a tentativa de setor
financeiro de
pautar à sua conveniência a política econômica de governo e deram início
a um programa que poderá contituir-se na maior conquista da
cidadania depois do controle da inflação e da redução da pobreza: a
queda estrutural do juros.
Ao mesmo tempo em que o governo
recusava as apostas do mercado como parâmetro exclusivo para a tomada de
decisões, sumiam dos telejornais da rede
Globo os porta-vozes dos grandes bancos , Sardemberg e Leitão. Mais
pelos prejuízos que trouxeram à imagem da emissora
por vaticínios nunca consumados sobre a ruína iminente do País caso a
pauta fixada
pelo setor financeiro não viesse ser implementada, e menos por qualquer
conversão da empresa ao que constituiria os reais interesses da nação em
matéria de política econômica.
Não por coincidência, o irmão de
Alberto Sardemberg, que ainda
impera como propagandista dos bancos na rádio CBN e no telejornal das
Organizações comandado pelo suposto espia americano denunciado pelo
Wikileaks ano passado, Wiliam Waack,
aparece à luz do dia falando em nome da Federação Brasileira dos Bancos -
Febraban.
Rubens Sardenberg que fez carreira
nos departamentos de
economia dos grande bancos, durante o tempo em que primogênito da
família pontificava nos noticiosos da Globo, possui agora voz própria
como presidente
da entidade que representa os grandes bancos e pode prescindir algo da
colaboração fraterna.
Nada diz, é verdade, sobre a margem
de lucro de 30% que os grandes bancos usufruem pelos serviços de
intermedição financeira no Brasil contra os 5% praticados pelos
congêneres no resto do mundo. Mas é bastante eloquente quando fala da
necessidade de sacrificar a remuneração da poupança para que não se
torne atratativa o bastante aos depositantes na concorrência que faz
às captações financeiras dos bancos.
O irmão mais velho, ainda armado dos microfones da Globo, naturalmente o endossa.
O irmão mais velho, ainda armado dos microfones da Globo, naturalmente o endossa.
*Brasilquevai
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