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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, maio 05, 2012

Rede britânica de supermercados adere a boicote a produtos israelenses

Uma conhecida rede de supermercados britânica anunciou a suspensão de acordos com quatro empresas exportadoras de alimentos de Israel, devido a "cumplicidade na violação de direitos humanos dos palestinos".
Com a decisão, a Co-op, quinta maior rede de supermercados da Grã-Bretanha, engrossa a lista de companhias europeias que boicotam produtos israelenses.
Entre elas está a empresa ferroviária alemã Deutsche Bahn, que em 2011 resolveu suspender sua participação na construção de uma linha de trens de Tel Aviv a Jerusalém, que passaria em um trecho dos territórios ocupados na Cisjordânia depois de ser pressionada por ativistas.
Segundo a empresa, o projeto era problemático, "com um potencial de violar leis internacionais".
O banco holandês ASN suspendeu seu investimento na empresa francesa Veolia em consequência do envolvimento da companhia na construção do bonde de Jerusalém, que passa pela parte oriental da cidade, ocupada em 1967, alegando que seus critérios de alocação de recursos respeitam as resoluções da ONU que mantêm a parte árabe de Jerusalém como território ocupado.
O banco e a Deutsche Bahn aderiram ao boicote após intensa campanha do BDS (Boicote, Desinvestimento e Sanções), um movimento criado em 2005 por ONGs palestinas com o objetivo de exercer pressão internacional sobre Israel.
O movimento obteve apoio de sindicatos de trabalhadores e de ONGs na maioria dos países europeus e também nos Estados Unidos, África do Sul e Austrália.
O BDS exorta empresas e instituições ao redor do mundo a boicotar Israel "até que os direitos dos palestinos sejam respeitados" e equipara o regime israelense ao apartheid da África do Sul.
A campanha pelo boicote a produtos dos assentamentos também conta com o apoio de grupos israelenses de esquerda. No ano passado o parlamento de Israel aprovou uma lei criminalizando a campanha pelo boicote e, segundo a lei, os grupos que o apoiarem poderão ser processados e multados.

'Racista'

A britânica Co-op esclareceu que continuará comprando produtos israelenses mas não irá fazer negócios com empresas que exportam mercadorias produzidas nos assentamentos considerados ilegais.
As quatro empresas que passaram a ser boicotadas pela rede britânica são Agrexco, Arava, Adafresh e Mehadrin, que exportam alimentos produzidos tanto em Israel como nos assentamentos israelenses ilegais existentes nos territórios palestinos na Cisjordânia ocupados por Israel.
Do ponto de vista do governo israelense não há diferença entre o boicote a produtos fabricados nos territórios ocupados e o boicote geral a Israel.
"A verdade é que eles boicotam Israel, os assentamentos são apenas um pretexto", disse o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Yigal Palmor, à BBC Brasil.
Segundo o porta-voz, o movimento BDS "está por trás disso".
"O objetivo do BDS é boicotar Israel e os israelenses de maneira generalizada e quem boicota pessoas por causa de sua cidadania é racista", disse Palmor.
"Trata-se de um boicote geral, tanto econômico, como cultural e acadêmico", acrescentou. o porta-voz.

Cancelamento

Nos últimos dias, duas bandas irlandesas anunciaram o cancelamento de shows que estavam programados para junho, em Israel.
As bandas Dervish e FullSet avisaram a produção que não pretendem participar do Festival de Música Irlandesa que deveria ocorrer em Jerusalém e Tel Aviv, pois "sentem que não seria apropriado violar o boicote".
Depois do aviso das bandas, a produção do festival anunciou o cancelamento do evento.
Em outro incidente, o sindicato do Serviço Nacional de Saúde britânico anunciou o cancelamento da palestra do advogado israelense, Moti Cristal, que estava programada para esta semana, em Manchester.
Cristal, que é especialista em negociações, havia sido convidado para fazer uma palestra em um seminário de executivos britânicos na área da Saúde, porém foi informado que sua participação foi cancelada em consequência da pressão da UNISON – federação dos trabalhadores britânicos. A UNISON anunciou que sua posição oficial é de "apoiar o povo palestino".
Em sua resposta o advogado israelense protestou contra o cancelamento de sua participação. "Acredito que o caminho para resolver conflitos, principalmente o conflito israelense-palestino, passa pelo diálogo construtivo e não por boicotes e violência", afirmou.
BBC
No Blog do Omar
*comtextolivre

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