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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, setembro 01, 2012

Igreja Católica do Paraguai pede perdão por ter apoiado renúncia de Lugo

 

Na véspera do impeachment, líderes da instituição se reuniram com ex-presidente e pediram sua saída do cargo

 

A Igreja Católica do Paraguai pediu nesta sexta-feira (31/08) "compreensão e perdão" por ter requisitado a renúncia do ex-presidente Fernando Lugo durante o desenvolvimento do julgamento político no país que terminou com seu impeachment.
 
Na noite de 21 de junho, na véspera da destituição, o presidente da CEP (Conferência Episcopal Paraguaia), monsenhor Claudio Giménez, e outros dois prelados visitaram Lugo para pedir que ele apresentasse sua renúncia para evitar um suposto cenário de violência que se configurava.
 
 
 
"Julgamos que foram cometidos erros, pedimos a compreensão e o perdão", apontou uma mensagem enviada nesta sexta pela Conferência dos Bispos, acrescentando que "nossas limitações foram reconhecidas".
 
A mensagem acrescentou que a atuação de alguns bispos da CEP "deveu-se à notícia de um iminente derramamento de sangue" e que, diante disso, a Igreja "quis evitar que houvesse outro ato criminosos entre irmãos".
 
O "outro ato" se refere ao então recente enfrentamento entre camponeses e policiais que deixou um total de 17 mortos e que foi o principal argumento para o impeachment contra Lugo.
 
Sacerdotes, bispos e fiéis questionaram na ocasião o pedido de renúncia realizado em um momento político tão crítico.
*ÓperaMundi

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