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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, julho 06, 2015

EUA tentaram derrubar Dilma temendo fortalecimento dos BRICS


Sputnik
Washington não se importa com os interesses das economias emergentes, considerando-as como “repúblicas das bananas”, mas já agora os institutos dos BRICS ameaçam seriamente a hegemonia do dólar, opina um historiador estadunidense.
O fortalecimento de institutos alternativos ao Sistema Bretton Woods de gerenciamento econômico internacional era previsível; o Banco de Desenvolvimento dos BRICS e o Banco Asiático de investimentos em Infraestrutura (AIIB, na sigla em inglês) não podiam aguentar por muito tempo a falta de vontade por parte de Washington de rever o status quo na economia mundial, acha o historiador norte-americano William Engdahl.
Na cúpula dos BRICS em Fortaleza, nota o especialista, os líderes dos cinco países criticaram duramente a política do Fundo Monetário Internacional (FMI), nomeadamente o fato de frear o programa de reformas acordado ainda em 2010. A ausência de mudanças põe em questão a legitimidade, reduz a confiança em relação ao FMI e prejudica sua eficácia. Os líderes dos BRICS propuseram dobrar a reserva monetária do FMI em troca de aumento das quotas da China, Índia, Rússia, Brasil e outros países.
“O fato de a França, com seus três trilhões de dólares de PIB, ou a Bélgica, com 500 bilhões, terem muito mais quotas na votação na direção do FMI do que a China, cujo PIB é cerca de 10 bilhões de dólares, é absurdo, o que os líderes dos BRICS já manifestaram …”, disse Engdahl à agência Sputnik.
O historiador também frisa que o Congresso dos EUA recusou rever o status do Sistema Bretton Woods, liderado por Washington, e bloqueou as reformas.
A China e uma série de outros países não podiam se resignar a tal situação e decidiram criar uma nova arquitetura financeira global, com o AIIB no centro da nova estrutura, afirma Engdahl. A resposta de Washington, nomeadamente a recusa de cooperar com o banco e o apelo aos aliados ocidentais para ignorarem o novo instituto financeiro, mostra a incapacidade das elites norte-americanas de avaliar a situação de maneira adequada. Washington literalmente “deu um tiro em ambos as pés” quando escolheu o caminho de oposição dura à iniciativa de Pequim porque a maioria dos seus aliados resolveu juntar-se ao banco, que se opõe aos institutos obsoletos do Sistema Bretton Woods.
“Quando os BRICS começaram a pretender ao papel do jogador global independente, Washington tentou jogar a antiga carta – organizar uma ‘boa velha revolução colorida’ contra a presidente do Brasil Dilma Rousseff. Mas este método já não funciona como antes”, frisa o especialista.
Em todo o caso, opina ele, são precisamente o Banco Asiático de investimentos em Infraestrutura e o Banco de Desenvolvimento dos BRICS que mais ameaçam o controle de Washington sobre os fluxos financeiros através do sistema do dólar e os institutos financeiros criados ainda em meados do século passado.
*http://diarionacional.com.br/eua-tentaram-derrubar-dilma-temendo-fortalecimento-dos-brics/

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