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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, julho 23, 2015

Prefeitura de São Paulo quer substituir nomes de ruas em homenagem a ditadores

Programa Ruas de Memória será enviado à Câmara Municipal na próxima quinta-feira (23) para alterar as vias que fazem referência a violadores de direitos humanos
Por SpressoSP


Prefeitura de São Paulo quer substituir nomes de ruas 

Com o objetivo de substituir os nomes de ruas, pontes, viadutos, praças e demais logradouros públicos com referência a militares ou a ditadura, a secretaria de Direitos Humanos e Cidadania da prefeitura de São Paulo lança no dia 13 de agosto, no Edifício Matarazzo, o programa Ruas de Memória.

Serão enviados à Câmara Municipal de São Paulo dois projetos de lei, sendo que um deles propõe que se impeçam novas nomeações referentes a violadores de direitos humanos; o outro propõe a alteração do nome do Viaduto 31 de março, data do golpe de 1964, localizado no distrito da Sé, para Viaduto Thereza Zerbini, grande referência na luta das mulheres pela anistia.

Rogério Sottili, secretário-adjunto de Direitos Humanos e Cidadania e idealizador da ação, enfatiza a importância em desvincular a nomenclatura dos espaços públicos dos símbolos do autoritarismo estatal. “A retirada dessas homenagens do espaço público representa uma reparação simbólica fundamental às vítimas do Estado”, explica.

Segundo um levantamento realizado pela coordenação de Direito à Memória e à Verdade (DMV), há na cidade cerca de 30 logradouros com nomes de ditadores, torturadores e outros agentes da repressão. A tentativa de mudança, por meio do programa Ruas de Memória, segue a linha de recomendações do Programa Nacional de Direitos Humanos – PNDH-3 e a recomendação 29 do Relatório Final da Comissão Nacional da Verdade, publicado em 2014.

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