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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, julho 17, 2015

Casos de Racismo · Mulher Negra TV Globo nega racismo em foto sobre ‘diversidade’ só com mulheres louras

TV Globo nega racismo em foto sobre ‘diversidade’ só com mulheres louras


Categoria » Casos de Racismo · Mulher Negra
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Dezessete mulheres louras, brancas, de cabelos lisos se enfileiram para a foto, como um time de futebol. Diz a legenda: “O concurso ‘Bailarina do Faustão’ tem mostrado a diversidade da beleza da mulher brasileira. Gatas para todos os gostos”.
Publicada no Facebook, a imagem gerou quase 30 mil comentários, compartilhamentos e curtidas em apenas dois dias. A maioria critica a ausência de negras na postagem que exalta a diversidade feminina – a proporção oficial de negros (pessoas que se declaram pretas ou pardas, segundo o IBGE) representa mais de metade (50,74%) da população brasileira.
Procurada pela reportagem, a TV Globo disse inicialmente desconhecer a polêmica em torno da postagem. Após o contato da BBC Brasil, a emissora afirmou, por e-mail, que “o post não reflete a totalidade das participantes do quadro”.
A produção do programa afirma que “o Domingão do Faustão, assim como toda a programação da Globo, repudia qualquer tipo de preconceito” e que o objetivo do concurso “é ter um painel da mulher brasileira no corpo de balé”.
Mas não foi assim que a publicação foi percebida por milhares de internautas – muitas delas mulheres negras. A opinião de uma jovem de São Paulo sobre o caso ganhou destaque na página e rendeu, sozinha, mais de 9 mil curtidas:
“Onde está a diversidade nessa foto?”, diz. “Por esse motivo e outros, que quando aparece uma pessoa negra nas programações da Globo acontece todo um movimento racista, porque na verdade não são todos Maju!”, conclui.
Ela se refere à sequência de comentários racistas publicados em redes sociais contra a jornalista do Jornal Nacional Maju Coutinho. Logo após o episódio, os âncoras William Bonner e Renata Vasconcellos criaram a campanha #somostodosmaju, em defesa da colega e contra o preconceito.

‘Gatas para todos os gostos’

As críticas contra a publicação se baseiam em três eixos: alegações de racismo, pela ausência de negras na postagem, machismo, pelo termo “mulheres para todos os gostos” e “hipocrisia”, por conta da aparente contradição entre a campanha #somostodosmaju e a representação majoritariamente caucasiana no balé do programa.
Questionada, a emissora não comentou as referências feitas à campanha em defesa de Maju.


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