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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quarta-feira, julho 01, 2015

Redução da maioridade penal volta ao plenário da Câmara. Líderes querem votar de novo texto semelhante ao rejeitado

PEC MAIORIDADE PENAL


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Após uma derrota apertada, a PEC da maioridade penal voltará a pauta da Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), abre sessão nesta quarta-feira (1) para concluir a votação da PEC 171/93. Ele analisa a possibilidade colocar duas emendas aglutinavas da proposta em análise.
Eram necessários 308 votos para o relatório de Laerte Bessa (PR-DF) ser aprovado no plenário na madrugada de hoje, mas apenas 303 deputados votaram a favor, 184 foram contra e 3 se abstiveram.
As novas propostas, anexadas que texto original da PEC, receberam apoio da maioria dos líderes dos partidos e são patrocinadas pelo presidente da Casa.
No fim da sessão que rejeitou a redução da maioridade, Cunha afirmou que a votação ainda estava muito longe de acabar. O peemedebista, porém, acrescentou que o texto poderia ser votado na próxima semana ou no próximo semestre.
“Fomos surpreendidos ao chegar aqui e ver essa mobilização para retomar a votação. Nós pedimos para terminar na madrugada, mas o presidente não quis”, lamentou a líder do PCdoB Jandira Feghali (BA).
“Temos plano A e B, não vamos perder dessa vez”, completou o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS)
Um dos textos é semelhante ao que foi rejeitado na madrugada de hoje, também reduz a idade penal para 16 anos em casos de crimes graves, mas retira os casos que envolvem tráfico de drogas. De acordo com Lorenzoni, muitos deputados votaram contra o texto rejeitado por não aceitar que adolescentes usados pelo tráfico paguem como adultos.
A outra emenda, de autoria de Lorenzoni, dá ao juiz a possibilidade de emancipar os maiores de 16 anos no caso de crimes hediondos. Os casos passariam a ser analisados por uma junta de especialista, como psicólogos, promotores e defensores, que atestariam se o jovem teve consciência do crime que cometeu.
Pela proposta, caso emancipado, o adolescente passa a cumprir a pena em estabelecimentos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente até os 18 anos, quando será transferido sistema prisional comum.
Segundo Jandira, a primeira emenda é anti-regimental. “Esse texto já foi rejeitado ontem, não pode voltar à pauta. Não há destaque que dê base legal para ele”, explicou. Já a segunda, de acordo com ela, está dentro das regras.
Na opinião dela, o presidente da Casa está armando um golpe, aos moldes do que foi feito no financiamento para campanha. “Aquele texto, porém, poderia voltar a pauta, havia base legal. Este de hoje não tem”, justificou. “"Tem gente que não aceita derrota democrática no plenário e faz este tipo de manobra. Se ele (Cunha) não tivesse certeza que o projeto vai ser aprovado hoje, ele não colocaria na pauta.”
*http://www.brasilpost.com.br/2015/07/01/maioridade-penal-volta-pa_n_7708148.html?ncid=fcbklnkbrhpmg00000004

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