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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 11, 2010

Conjuntura mundial: Vai sobrar alguém na direita?


Conjuntura mundial: Vai sobrar alguém na direita?

por Luiz Carlos Azenha

A profunda crise na Grécia ameaça arrastar outros países europeus pelo mesmo caminho: uma crise social sem precedentes, tão ou mais grave que a enfrentada pelos Estados Unidos. Os 500 bilhões de euros reservados pela União Europeia para combater a crise, com a promessa de outros 250 bilhões do FMI, dão a vocês a medida exata do tamanho do problema. O anúncio da Espanha, de que fará corte de 15 bilhões de euros em despesas para atender as demandas do mercado, é outro sinal. Curiosamente, são governos considerados “progressistas” para os padrões locais os encarregados de oferecer essa pílula amarga aos eleitores. Essa conjuntura terá consequências eleitorais. Aliás, já teve em vários países, mais recentemente na Alemanha.

Para o bem e para o mal, o que antes era considerado “intervencionismo” estatal será consagrado como única saída para enfrentar a crise. O que, em minha opinião, explica o fato de que em eleições vindouras os candidatos vão fugir feito o diabo da pecha de “neoliberais”. Afinal, a profunda crise financeira, primeiro nos Estados Unidos e agora na União Europeia, resultou da aplicação do modelo em que o estado era considerado um empecilho.

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