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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
sexta-feira, maio 14, 2010
Homens de Fé com má Fé
Homens de Fé com má Fé
Só pode ser má fé. O desconhecimento, em se tratando dos príncipes da Igreja, é incabível. Essa é a conclusão que cheguei ao ler matéria no Estadão de hoje sob o título "CNBB vê chavismo em plano de direitos humanos".
Ao associar o PNDH-3 a uma suposta inspiração chavista, a CNBB revela uma intenção ideológica de desqualificar o Plano passando a idéia subliminar de que este é um risco à democracia devido á conotação negativa que o termo ganhou de parte dos setores mais conservadores da imprensa e da política brasileira condenadores (por motivos óbvios) dos governos de esquerda na América Latina e que os associa a regimes autoritários
Risco á liberdade democrática são eles ao defender o monopólio da crença católica e condenar o direito à livre crença religiosa, sem privilégios ou desmerecimento de qualquer uma delas. Autoritários são eles ao condenarem a liberdade de aborto à mulher que desejar faze-lo, assim como opção de união entre homossexuais.
Que os bispos sejam autoritários e conservadores é um direito deles. Que queiram impingir seu conservadorismo aos fiéis de sua igreja também o é. Agora, condenar liberdades democráticas e direitos humanos à sociedade civil é muita arrogância. E ainda usando da fraude para atrair adeptos às suas idéias, é má fé, pra não dizer safadeza: refiro-me à tentativa de nos fazer crer que o Plano Nacional de Direitos Humanos defende a "legalização do lenocínio"(cafetinagem), como explicitou o Bispo D. Demétrio.
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