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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
terça-feira, maio 25, 2010
Lula: país se aproxima do pleno emprego
Para Lula, país se aproxima do pleno emprego
Presidente afirma que, ao contrário dos anos 70, brasileiros agora têm liberdade política
Flávia Barbosa, Patrícia Duarte e Martha Beck – O GLOBO
BRASÍLIA. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem que o Brasil se aproxima de uma situação de pleno emprego, mas melhor do que na década de 1970, quando o país vivia sob ditadura militar. Para ele, a situação está cada vez mais confortável e será crucial para continuar fazendo a economia brasileira girar, o setor produtivo realizar novas contratações e o bem-estar da população aumentar.
— Eu entrei no sindicalismo em 1969. Na década de 70 nós tínhamos pleno emprego e nenhuma liberdade política. Hoje nós estamos criando uma situação de emprego confortável e temos total liberdade política. Se o Brasil continuar assim, eu penso que nós daremos um salto de qualidade extraordinário para ser um dos países do mundo com o menor índice de desemprego — disse Lula.
Os comentários foram feitos no programa semanal de rádio “Café com o presidente”, no qual Lula citou os últimos números do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho. Em abril, foram criados 305 mil empregos com carteira assinada, elevando o saldo entre admissões e desligamentos do ano para 962 mil postos. O presidente manteve a projeção de que serão abertas em 2010 dois milhões de vagas.
— Nós queremos que o Brasil tenha pleno emprego, nós queremos que o Brasil tenha uma situação confortável, que as pessoas possam viver bem. Nós, há muito tempo, não temos uma situação dessas — avaliou Lula.
Pleno emprego é um conceito econômico que designa um ambiente favorável à geração de vagas. Não se trata de desemprego zero, pois há sempre uma taxa de desocupação residual na economia, como no caso de jovens que estão em busca do primeiro emprego, por exemplo.
A taxa de desemprego no Brasil nas seis maiores regiões metropolitanas do país ficou em 7,4% em março, no melhor resultado para este mês desde 2002, quando começou a atual série histórica do IBGE. Ela chegou a 13,1% em abril de 2004.
O presidente salientou que a crise financeira global que explodiu em 2008 provocou retração do número de empregados em várias partes do mundo tanto naquele período quanto ao longo de 2009, mas não no Brasil.
— Por isso eu estou feliz e vamos continuar trabalhando para a economia continuar crescendo, a inflação controlada, porque o Brasil não vai jogar fora as oportunidades do século XXI — concluiu Lula.
Mercado aumenta projeção do PIB para 6,46% e vê inflação de 5,67% Com a economia aquecida, o mercado financeiro não para de elevar suas previsões para o comportamento da inflação e do Produto Interno Bruto (PIB, conjunto de bens e serviços produzidos pelo país) este ano. Segundo a pesquisa Focus, do Banco Central (BC), os economistas preveem que a inflação pelo IPCA fechará 2010 em 5,67%, acima dos 5,54% da semana anterior, no 18º aumento seguido das estimativas.
Para 2011, as previsões continuam em 4,80%. O centro da meta de inflação perseguida pelo governo para este e para o próximo ano é de 4,50%.
Já as estimativas para o PIB de 2010 subiram, pela décima semana seguida, de 6,30% para 6,46%. Com inflação em alta e a economia aquecida, a aposta é que a taxa básica de juros Selic — hoje em 9,50% ao ano — vai continuar sendo elevada pelo Banco Central. Pela mediana do mercado, ela fecharia 2010 a 11,75% e 2011 a 11,50%.
Segundo dados divulgados ontem pelo Ministério do Desenvolvimento, a média diária das exportações brasileiras em maio está em US$ 822,4 milhões — a mais alta do ano e 8,5% maior que a registrada em abril. No mês, as vendas externas do país acumulam US$ 12,33 bilhões e as importações, US$ 10,32 bilhões, o que resulta num superávit de US$ 2,01 bilhões. A melhora nas exportações foi principalmente graças ao reajuste nos preços do minério de ferro, que começa a aparecer agora nas estatísticas.
Postado por Luis Favre
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