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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 25, 2010

Obama envia emissário para aumentar comércio bilateral do Brasil com EUA






Obama envia emissário para aumentar comércio bilateral do Brasil com EUA

Por Redação - de Brasília

Ao contrário das expectativas externas, o discurso do governo do presidente Luiz Inácio da Silva em favor do acordo com o Irã não contaminou as relações com o governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. Em meados do próximo mês, Obama envia ao Brasil Cheryl Mill, chefe de gabinete do Departamento de Estado. O objetivo é detalhar as parcerias nas áreas de ciência e tecnologia, além da ampliação das relações econômicas bilaterais.

Para os negociadores brasileiros, a iniciativa de Obama ao enviar Cheryl Mill ao Brasil é uma demonstração externa para a comunidade internacional que divergências sobre questões específicas não devem contaminar as relações bilaterais que, historicamente, são positivas.

Orientada por Obama e pela secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, Cheryl Mill desembarcará em junho para uma série de reuniões com os ministros das Relações Exteriores, Celso Amorim, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Miguel Jorge. A pauta ainda está em fase de elaboração, mas a ideia é incluir todos os temas tratados durante a visita da secretária de Estado, em março, a Brasília.

A pauta deverá reunir assuntos que vão desde áreas técnicas e específicas, como projetos de cooperação científicos e sociais, até a ampliação do comércio bilateral. A data exata da vida de Cheryl Mill ainda está sendo fechada.

Diplomatas que acompanham as negociações informaram aos jornalistas que os Estados Unidos compreendem e entendem a posição do governo Lula em defesa do diálogo e do acordo com o Irã. Segundo eles, as posições divergentes entre os negociadores norte-americanos, favoráveis à imposição de sanções contra os iranianos, e os brasileiros, que querem evitar as medidas punitivas, são compreendidas como naturais no campo diplomático.

Paralelamente, o Ministério das Relações Exteriores recebe informações constantes de Hillary de que há interesse de Obama de visitar o Brasil até o final deste ano. Diplomatas que atuam diretamente nas articulações disseram à Agência Brasil que o problema, segundo comunicações internas, é conseguir espaço na agenda do presidente norte-americano.

Obama participa de articulações para as eleições internas, em novembro, nos Estados Unidos. Há indícios de que o Partido Democrata, ao qual ele pertence, perderá espaço, embora com chances manter a maioria das cadeiras do Parlamento, mas com o número reduzido de apoio. Ao mesmo tempo, o norte-americano tem a questão do apoio à Coreia do Sul no embate com a Coreia do Norte.

Sem expectativas

Na contramão das especulações que circulam na imprensa internacional, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, na noite passada, que não pretende disputar nem a Secretaria-Geral da ONU nem a presidência do Banco Mundial, até por considerar que os dois cargos devem ser ocupados por técnicos, não por políticos.

– A ONU não precisa de um presidente político, com perfil político, precisa de um técnico a serviço dos presidentes. Não pretendo ir nem para a ONU nem para o Banco Mundial – disse Lula no lançamento do canal internacional da TV Brasil.

Lula e o ministro Celso Amorim (Relações Exteriores), no entanto, já teriam iniciado uma série de articulações com presidentes e chanceleres de outros países na busca de apoio ao nome do estadista brasileiro para um alto cargo em nível mundial. Três líderes europeus já endossaram a postulação de Lula para a ONU: José Luis Rodríguez Zapatero (Espanha), José Sócrates (Portugal) e Nicolas Sarkozy (França).

Para Lula, no entanto, seu objetivo é a inclusão de representantes da África e da América Latina – no caso, o próprio Brasil – como membros permanentes do Conselho de Segurança. Atualmente, apenas Estados Unidos, França, Reino Unido, China e Rússia ocupam cargos vitalícios no Conselho. Os demais dez membros têm mandato rotativo de dois anos, como o que o Brasil ocupa neste momento.

Celso Amorim, porém, foi ainda mais cuidadoso ao prever a candidatura de Lula à Secretaria-geral da ONU:

– Seria ótimo para o Brasil e para o mundo, mas teria antes de mudar a ONU.

A reação do assessor internacional da Presidência, Marco Aurélio Garcia, foi ainda mais negativa:

– Nem secretário geral das Nações Unidas nem presidente do Banco Mundial. Nenhum dos dois está nos planos do presidente, que prefere ter uma ação mais política e mais proveitosa em outras frentes – concluiu.

do Jornal Correio do Brasil

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