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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, maio 26, 2010
Oeste baiano já supera os EUA em produtividade
Oeste baiano já supera os EUA em produtividade
Safra rende 52 sacas de soja e 270 arrobas de algodão por hectare; americanos colhem 48,5 e 160, respectivamente
Norte-americanos ainda colhem mais milho: 170 sacas ante 145; mas isso vai durar pouco tempo, diz produtor brasileiro
MAURO ZAFALON –
DE SÃO PAULO
Há 26 anos, sem novas opções de terras no Paraná, Walter Horita trocou a região pelo oeste baiano. Uma atitude considerada ousada pelos vizinhos. Longe de tudo e sem estradas adequadas, os desafios da nova região começaram logo cedo.
Acostumado às terras férteis do Paraná, Horita amargou uma produção de apenas 14 sacas de soja por hectare na primeira safra plantada. Um desastre para o bolso.
Hoje, Horita cultiva 42 mil hectares com soja, milho e algodão. Quando as máquinas encerraram a colheita neste ano, ele constatou a produção de 62 sacas de soja e 196 de milho por hectare.
A colheita de algodão está começando e ele espera 330 arrobas por hectare. “Estamos com uma produtividade bem acima da dos Estados Unidos”, diz Horita.
A produção de Horita não está muito distante da média do oeste baiano, mas está acima dos padrões da região. Motivo: ele não mede esforços na utilização de novas tecnologias à disposição.
O oeste baiano produz 52 sacas de soja, 145 de milho e 270 arrobas de algodão por hectare. Os norte-americanos colhem 48,5 sacas de soja e 160 arrobas de algodão.
No milho, ao produzirem 170 sacas por hectare, ainda superam os baianos. “Mas isso [o ganho no milho dos norte-americanos] vai durar pouco tempo”, diz Horita.
NOVAS PRÁTICAS
O segredo para uma produção elevada passa pelo uso intensivo de novas práticas na lavoura e utilização de insumos e de equipamentos de última geração.
Além disso, o produtor deve estar à frente dos livros e da literatura agrícola, diz ele.
Para Horita, o produtor deve fazer experimentos em sua terra, buscar coisas novas e estar apto a, se necessário, fazer mudanças rápidas na cultura para garantir maior produtividade.
Ele destaca, no entanto, a necessidade da presença de um bom agrônomo nesse processo produtivo.
O acesso à tecnologia exige recursos, o que poderia tirar os produtores de pequeno porte desse processo.
Horita diz que a inovação tecnológica estará à disposição dos produtores de pequeno e médio portes se eles se reunirem em grupos para comprar insumos e máquinas e para a comercialização.
“A agricultura moderna exige a utilização de agroquímicos, melhoramento genético e equipamentos eficientes”, afirma Horita.
A vantagem é que a concorrência entre os fornecedores de insumos é grande e a cada safra eles desenvolvem produtos cada vez mais eficientes, acrescenta.
Isso leva, no entanto, a uma perda de rusticidade e ao aumento da fragilidade das plantas, o que exige custos fitossanitários maiores. Essa elevação de custos será compensada pelo aumento da produtividade, diz ele.
A região distante, e de pouca atração há três décadas, hoje está na mira até de investidores estrangeiros.
Com o valor de um hectare vendido no Paraná, Horita comprava 50 no oeste baiano na década de 1980. Hoje, compra apenas dois.
Tecnologia impõe custos, mas alta na produção compensa
DE SÃO PAULO
Buscar produtividade custa caro, mas o volume produzido compensa. É com essa visão que os produtores do oeste baiano desembolsam R$ 4.000 por hectare na produção de algodão.
Se o clima ajudar e os preços estiverem favoráveis, a renda virá. Esses dois fatores ocorreram neste ano e os produtores que usaram alta tecnologia na produção podem obter uma renda de até R$ 1.400 por hectare.
Isso não ocorreu no ano passado, quando o excesso de chuva prejudicou a safra.
O algodão é a commodity que pode gerar mais renda para o produtor, mas também é a de maior risco devido aos investimentos elevados. No caso do milho, o produtor desembolsa R$ 2.000 por hectare cultivado, quando usa tecnologias avançadas.
Essa tecnologia vai desde plantadeiras com monitoramento de adubo e de sementes, que devem ter melhoramento genético, até colheitadeiras que eliminem as perdas durante a colheita.
O investimento no milho é menor, mas a renda final também. Neste ano, o hectare deve gerar receita de R$ 550 na região.
A soja, principal produto da região, é a que exige menos investimentos: R$ 1.300 por hectare. A renda do produtor, no entanto, também é menor, com previsão de R$ 500 por hectare neste ano.
do L Favre
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