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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

terça-feira, maio 25, 2010

Serra faz discurso tucano anti-Lula, defendendo estado mínimo neoliberal






erça-feira, 25 de maio de 2010
Serra faz discurso tucano anti-Lula, defendendo estado mínimo neoliberal

Para a platéia de empresários na CNI, José Serra (PSDB/SP) fez um discurso crítico ao governo Lula, e defendeu a volta das política de estado mínimo (com carga tributária e tarifas altas) de FHC.

O demo-tucano disse: "Na área federal, a obesidade dá até gosto. Puxa vida, como dá para aumentar a eficiência...", referindo-se a corte de custos. Mas as declarações chegam a ser cínicas, porque ele não apresenta argumentos para sustentar o que diz.

O governo Lula fez um ajuste fiscal muito maior do que o do governo FHC (que foi muito perdulário, sobretudo no primeiro governo, quando José Serra foi ministro do planejamento). Mesmo assim, promoveu distribuição de renda, não arrochou salários (pelo contrário houve um grande aumento no salário mínimo). Para o funcionalismo e aposentados acima do salário mínimo, quem não teve algum aumento real, pelo menos teve a inflação reposta (coisa não acontecia no governo FHC). Além de tudo, o governo Lula ainda conseguiu ampliar os programas sociais.

Serra, para cumprir o que diz aos empresários, terá repetir as políticas de FHC, seguindo o receituário do FMI:
- promover demissões;
- suspender concursos e contratações;
- sucatear os serviços públicos;
- transferir obrigações do estado como saúde, educação e segurança para a iniciativa privada;
- privatizar, em parte ou no todo, empresas e órgãos estatais;
- entregar para empresas privadas o controle sobre tarifas abusivas como as tarifas de telefonia e banda-larga e os pedágios paulistas;
- arrochar salários do funcionalismo civil e militar;
- arrochar aposentadorias da previdência;
- deixar a mão invisível do mercado produzir apagões elétricos como o de 2001;
- deixar apenas para o "mercado" a geração de empregos, sem o governo induzir em programas como a indústria naval, a construção civil, etc;
- subordinar a Polícia Federal para o DEA (Departamento anti-drogas dos EUA), como fez FHC, em troca de uns trocados;
- alugar a base espacial de Alcântara para os EUA;
- quem sabe repetir no Brasil um "plano Colômbia" para terceirizar para as tropas estadunidentes a defesa de nossas fronteiras, em vez de reequipar soberanamente nossas Forças Armadas, como o governo Lula está fazendo;

Obviamente que esse discurso privatista, de pagar empresas privadas para substituir funções de carreira de estado, fazem cifrões brilhar nos olhos da platéia de empresários gananciosos.

Mas e o povo que paga a conta, em impostos, em tarifas e em desemprego? Vai encarar outra vez aquela política do FHC, proposta por Serra?

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