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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
quarta-feira, maio 26, 2010
Vitória à vista, mas toda cautela é pouca
Vitória à vista, mas toda cautela é pouca
quarta-feira, 26 de maio de 2010
O deputado João Paulo Cunha (PT-SP) disse hoje, em discurso na Câmara, que as condições objetivas atuais do país apontam para a vitória da continuação do governo Lula, quer dizer, para a vitória de Dilma Rousseff.
As pesquisas Vox Populi, Sensus, Ibope e Datafolha, em seu conjunto, segundo João Paulo Cunha, indicam o crescimento de Dilma e o estacionamento do ex-governador José Serra. Mas o que vale mesmo nas pesquisas, diz o deputado, não é o visível, mas o que elas conseguem captar da população. Ou seja, o que descobrem sobre a avaliação que o cidadão faz da sua própria condição de vida, a partir da qual vai decidir o seu voto.
"O emprego está em alta, a economia está estabilizada, as perspectivas indicam melhora no salário e na economia; e a história recente de eleições nas grandes democracias comprova que a economia tem sido tema prioritário para a definição do voto", cita João Paulo.
A distribuição de renda é pequena, mas é efetiva. O bolo não está crescendo para ser distribuído depois, está sendo distribuído agora. O programa social do Governo é amplo, atinge de norte a sul, de leste a oeste. E esse conjunto combina com um presidente bem avaliado, com uma relação muito forte, quase epidérmica, com a população, porque conhece sua vida, seus modos, sua situação.
Mas o deputado advertiu: os trabalhadores precisam estar atentos. Hoje, dois próceres da oposição deram declarações fortes. Um disse: "será uma batalha campal". E o outro que "será uma guerra sangrenta".
Este último foi o Bornhausen, o qual, lembrou João Paulo, "já tem um contencioso com a democracia, quando disse querer acabar com a raça do PT; agora, ele volta dizendo que a guerra será sangrenta; o que será que ele quer dizer?" - indagou João Paulo Cunha.
É preciso, alertou João Paulo, que os cidadãos que gostam da democracia estejam atentos para o que pode vir. "Porque não se trata nem de batalha campal nem de guerra sangrenta, trata-se de uma disputa democrática, da consolidação de uma das maiores democracia do mundo, com mais de 130 milhões de brasileiros aptos a votar, trata-se de uma disputa de programas, de discutir o futuro do Brasil".
João Paulo recomendou manter a humildade, a cautela, a prudência. "É preciso aprender muito com o presidente Lula, com a eleição de 2002, com as eleições pretéritas: Lula não só promoveu uma disputa de ideias, também mobilizou a sociedade, ganhou as eleições e reinstalou no País a esperança de um Brasil melhor".
Em aparte, o deputado Carlos Zarattini (PT-SP)destacou que há mais de duas décadas o Brasil vive um momento democrático, com eleições tranquilas. "E agora estamos assistindo quererem transformar a eleição numa briga de rua, o que não podemos aceitar", protestou Zarattini, reafirmando que o PT quer fazer o debate político democrático.
Zarattini estranhou a declaração da procuradora Sandra Curau, que lançou a possibilidade de cancelar o registro de Dilma Rousseff, ou cancelar a sua posse, caso ela seja vencedora, alegando crime eleitoral.
"Certos setores da oposição não se conformam com a discussão política, não querem ouvir a voz do povo", criticou Zarattini.
Escrito por Luiz Cláudio de Moraes Pinheiro
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