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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, agosto 08, 2010

A ignorância e a desinformação sôbre CUBA






Impressões sobre Cuba - O terrorismo contra uma ilha que só quer ser independente e feliz



por Paulo Jonas de Lima Piva

A ignorância e a desinformação sobre Cuba são espantosas, o que explica tanta bobagem e estupidez que se ouve, se escreve e se reproduz sobre a ilha, particularmente no Brasil. A principal fonte de tanta deturpação e injustiça contra essa ilha de 11 milhões de habitantes, que era colônia da Espanha até 1898 e cassino e prostíbulo da burguesia norte-americana até 1959 é, reiteradamente comprovado, o governo dos EUA, por meio de sua mídia mercenária, sobretudo os grandes meios de comunicação da América Latina colonizados pela CNN, poderoso grupo de comunicação especializado em milionárias negociatas informativas. Não se divulga nessa mídia, por exemplo, que Cuba é um dos países que mais ataques terroristas sofreu e que mais vítimas amargurou nos últimos quarenta anos. Nesse período, mais de três mil pessoas, entre crianças e idosos cubanos, inclusive turistas, foram despedaçados em atentados organizados pela ultradireita cubana radicada em Miami e financiada pelo governo dos EUA. Nos primeiros quinze anos da Revolução antiimperialista e socialista que lá se efetivou em 1959 foram praticadas 5.780 ações terroristas contra o povo cubano, todas protagonizadas pela norte-americana CIA. As agressões contra o povo cubano pelo governo dos EUA chegaram ao cúmulo da guerra bacteriológica. Em 1971, por exemplo, o governo norte-americano conseguiu inocular um vírus na ilha que aniquilou mais de 500 mil porcos, destruindo assim parte da produção cubana de alimentos daquele ano. Na era Reagan, o vírus introduzido atingiu humanos, gerando 158 óbitos. Já contra o líder da Revolução, Fidel Castro, foram oficialmente admitidos por ex-agentes da CIA 638 atentados, quando, na verdade, sabe-se que foram quase mil. Como escreve Fernando Morais na apresentação do livro Fidel Castro: biografia a duas vozes, de Ignácio Ramonet, de 2006, “não houve um só dia, ao longo desses 47 anos, em que o país não tivesse sido vítima de atentados a bomba, seqüestros e provocações de toda sorte”.

E como desgraça pouca é bobagem, há ainda o bloqueio econômico contra o pequeno país. Medida genocida criada pelo presidente John Kennedy em 1962 e tornada ainda mais cruel com as leis Torricelli e Helms-Burton nos anos 90, o bloqueio proíbe não só as empresas norte-americanas de comercializarem e de negociarem com Cuba, como ameaça qualquer país que o faça sob pena de também não mais poder negociar com os EUA. Para se ter uma noção das conseqüências terríveis desse bloqueio, Cuba ficou impedida até de comprar marca-passos para os seus cidadãos cardíacos.

O povo cubano, como qualquer outro, almeja apenas ser independente e feliz. Contudo, a democracia e a prosperidade econômica da ilha dependem fundamentalmente do fim do clima de guerra que o terrorismo norte-americano impõe a esse povo que realizou uma das mais fascinantes revoluções da história da humanidade.
docomtextolivre

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