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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

quinta-feira, agosto 26, 2010






made in USA">Terrorismo também é made in USA

A Wikileaks vazou ontem um documento da CIA que revela atividades terroristas financiadas por cidadãos americanos e revela o temor com a percepção internacional dos Estados Unidos como “exportadores do terrorismo”.

O documento da unidade especial Red Cell, da CIA, de 5 de fevereiro de 2010, afirma que “ao contrário do senso comum, a exportação americana de terrorismo ou terroristas não é um fenômeno recente, e nem tem sido associado unicamente a radicais islâmicos ou pessoas de origens étnicas do Oriente Médio, África ou Sul da Ásia”.

Prossegue o texto afirmando que “esta dinâmica desmente a crença americana de que nossa sociedade multicultural livre, aberta e integrada diminui o fascínio dos cidadãos americanos pelo radicalismo e pelo terrorismo”.

O informe secreto descreve uma série de atentados promovidos e/ou executados por cidadãos norte-americanos em vários países, como Paquistão, Palestina, Índia e Irlanda do Norte.

A principal preocupação revelada pelo documento refere-se às consequências que os Estados Unidos poderiam sofrer caso fossem vistos como exportadores do terrorismo, como a não cooperação em rendições (incluindo a prisão de agentes da CIA) e a decisão de não dividir com os EUA atividades de inteligência.

Também se antecipam possíveis problemas na cooperação internacional com os EUA em atividades extrajudiciais, incluindo, detenção, transferência e interrogatório de suspeitos em outros países.

“Se os EUA forem vistos como ‘exportadores de terrorismo’, governos estrangeiros poderiam requerer uma reciprocidade que iria impactar a soberania norte-americana”, diz o documento.

“Em casos extremos, a recusa dos EUA de cooperar com pedidos de extradição de cidadãos americanos por governos estrangeiros pode levar alguns governos a considerar retirar secretamente os suspeitos de terrorismo do solo americano”, acrescenta o documento.

A percepção dos EUA como “exportadores de terrorismo”, diz ainda o documento, também criaria difíceis questões legais, já que o país não é signatário do Tribunal Penal Internacional TPI) e fez acordos bilaterais de imunidade com outros países para preservar cidadãos americanos de serem processados pelo TPI. Os EUA ameaçaram encerrar ajuda econômica e militar a países que não concordassem com esses acordos bilaterais.

O Wikileaks presta mais um serviço a humanidade revelando as práticas dos serviços secretos dos EUA e a dupla moral com que o país enfrenta a qusetão do terrorismo no mundo.

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