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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sábado, agosto 21, 2010

70anos da morte de Trótski




Leon Trótski

70 anos da morte de Trótski
“Mas sejam quais forem as circunstâncias da minha morte, morrerei com fé inabalável no futuro comunista da humanidade. Esta fé no homem e no futuro me dá, mesmo agora, uma força que religião nenhuma me poderia dar.”
Leon Trótski (Ianovka, 7 de novembro de 1879 — Coyoacán, 21 de agosto de 1940) foi um intelectual marxista e revolucionário bolchevique, fundador do Exército Vermelho e rival de Stalin na tomada do PCUS à morte de Lenin.
Seu nome em ucraniano é Лев Давидович Троцький, que pode ser transliterado como Lev Davidóvitch Trótskii. Todavia, seu verdadeiro sobrenome era Bronstein (Бронштейн). Pelo calendário juliano, utilizado nos países de tradição ortodoxa, nasceu em 26 de outubro de 1879.
Nos primeiros tempos da União Soviética desempenhou um importante papel político, primeiro como Comissário do Povo (Ministro) para os Negócios Estrangeiros; posteriormente como criador e comandante do Exército Vermelho, e fundador e membro do Politburo do Partido Comunista da União Soviética.
Afastado por Stalin do controle do partido, Trótski foi expulso deste e exilado da União Soviética, refugiando-se no México, onde veio a ser assassinado por Ramón Mercader, um agente de Stalin. As suas ideias políticas, expostas numa obra escrita de grande extensão, deram origem ao trotskismo, corrente ainda hoje importante no marxismo.
Após a Revolução de 1917, passou a defender também que a revolução socialista era um processo mundial e que a Revolução Russa necessitaria continuar a desenrolar-se numa arena mundial, no âmbito de uma perspectiva internacionalista que contrastava claramente com a política estalinista do "socialismo num só país". Defendeu a rápida industrialização da economia e o abandono da NEP (Nova Política Econômica) de Lenin, quando Stalin e o teórico Bukharin defendiam a industrialização gradual e a manutenção daquela política. A dissidência no interior do Partido vem a público quando Trótski publica, em 1924, um prefácio à edição dos seus escritos de 1917, As Lições de Outubro, criticando a falta de estratégia revolucionária de Stalin e da Direção do Comintern na direção do levante alemão de 1923, e compara suas atitudes com a indecisão demonstrada por Kamenev e Zinoviev às vésperas da Revolução de Outubro. Estas discordâncias abertas afastam politicamente Trótski de Stalin, culminando na sua expulsão do partido a 12 de novembro de 1927, o exílio em Alma Ata (hoje Altana), na então República Socialista Soviética do Cazaquistão, a 31 de janeiro de 1928, e finalmente a expulsão da União Soviética em 1929. Ainda em julho desse ano, começa a publicar um boletim mensal da oposição, que continuaria a ser publicado e contrabandeado para o território soviético durante todo o seu exílio .
Ironicamente, afastado Trótski, Stalin vira-se contra Bukharin e acaba por apropriar-se de muitos dos preceitos da política econômica enunciados por Trótski, implementando-a, todavia, de uma forma criticada por uma grande maioria, como exageradamente violenta e autoritária. Tal "virada à Esquerda" de Stalin, no entanto, fez muito para privar a Oposição de Esquerda de grande parte dos seus partidários na URSS, que acabam por aderir a Stalin, que consideram estar realizando na prática o programa da oposição, nomeadamente o economista Ievguêni Preobrajenski e o antigo chefe de governo da Ucrânia soviética e amigo pessoal de Trótski desde a época de sua estadia nos Bálcãs, o socialista romeno de etnia búlgara Christian Rakovski - que, juntamente com a imensa maioria dos antigos trotskistas, haveriam de perecer nas Grandes Purgas dos anos 1930.
Trótski com Frida Khalo, com quem teve breve ligação
Após a deportação, Trótski passou pela Turquia, França (julho de 1933 a junho de 1935) e Noruega (junho de 1935 a setembro de 1936), fixando-se finalmente no México, a convite do pintor Diego Rivera, vivendo temporariamente em casa deste e mais tarde em casa da esposa de Rivera, a pintora Frida Kahlo.
A 3 de setembro de 1938, numa reunião com 25 delegados de 11 países, Trótski e seus seguidores fundam a Quarta Internacional, como alternativa à Terceira Internacional estalinista. Trótski tinha entrado entretanto em conflito com Diego Rivera - numa disputa que tinha tanto a ver com as pretensões políticas de Rivera no movimento trotskista, que Trótski desfavorecia, quanto com a breve ligação de Trótski com Frida Kahlo - e mudara-se em 1939 para uma casa própria no bairro de Coyoacán, na Cidade do México. A 24 de maio de 1940 sobrevive a um ataque à sua casa por assassinos alegadamente a mando de Stalin. Não sobreviverá, no entanto, ao segundo ataque de Stalin: a 20 de agosto de 1940, o agente Ramón Mercader consegue sob disfarce entrar pacificamente na sua sala para um encontro, e, aproveitando um momento de distracção, aplica com uma picareta um golpe fatal no seu crânio. Ao ouvir o ruído, os guarda-costas de Trótski precipitam-se para a sala e quase matam Mercader, mas Trótski detém-nos, exclamando "Não o matem! Esse homem tem uma história para contar!". Faleceu no dia seguinte.
Mercader testemunhou posteriormente no seu julgamento: "Pousei o casaco impermeável na mesa de forma a poder tirar a picareta que estava no bolso. Decidi não perder a grande oportunidade que surgiu. No momento em que Trótski começou a ler o artigo, deu-me a minha oportunidade; tirei a picareta do casaco, segurei-a firme na mão e, de olhos fechados, dei-lhe um golpe terrível na cabeça".
Trótski morto
Um dos secretários de Trotsky, Joseph Hansen, entregou à Imprensa um relato sobre o assassinato do líder comunista:"Trotsky conhecia pessoalmente seu assassino, Frank Jackson (na verdade, Ramón Mercarder), há mais de seis meses, e tinha confiança nele devido às suas relações com o movimento trotskista na França e nos Estados Unidos. Ele nos visitava com freqüência e em momento algum tivemos motivos para desconfiar que ele fosse agente da GPU".
Segundo Hansen, Jackson chegou à casa de Trotsky às 5h30min da tarde do dia 20 de agosto, dizendo-lhe que havia escrito um artigo, sobre o qual gostaria de sua opinião. Trotsky concordou e ambos se encaminharam para a sala de jantar, onde estava a sra. Trotsky. "Alegando estar com a garganta seca, Jackson pediu um copo de água. A sra. Trotsky ofereceu-lhe chá. Ele agradeceu mas preferiu a água. Então, Trotsky convidou-o a passarem para o seu escritório".
O primeiro indício de que algo de anormal acontecera foi o som de gritos lancinantes e de uma luta violenta. A princípio os secretários e guarda-costas julgaram que havia acontecido algum acidente, mas, ao ingressarem no escritório, encontraram Trotsky com o rosto banhado em sangue. Um dos guarda-costas correu para socorrê-lo, enquanto o outro atracava-se com o assassino, que empunhava um revólver.
"Provavelmente o assassino atacou-o por trás, utilizando uma picareta cuja ponta penetrou-lhe o cérebro. Mas em vez de cair inconsciente, como o assassino planejara, Trotsky agarrou-se a ele".
Enquanto jazia, sangrando, no chão, Trotsky disse a Hansen: "Jackson baleou-me com um revólver. Acho que, dessa vez, é o fim". Hansen tentou animá-lo, dizendo que o ferimento era superficial e que não podia ter sido causado por um tiro, já que ninguém tinha ouvido o estampido. "Não, sinto aqui que desta vez eles conseguiram" - disse Trotsky, apontando para o coração.
Trotsky lutou pela vida durante 24 horas, vindo a falecer às 7h25min da noite de 21 de agosto.
Túmulo de Leon Trótski em Coyoacán, bairro da cidade do México, no jardim da casa onde morou durante seus últimos anos de vida.
A casa de Trótski em Coyoacán, preservada no mesmo estado em que se encontrava naquele dia, é hoje um museu, em cujos terrenos se encontra ainda o cenotáfio de Trótski, com a foice e o martelo talhados sobre seu nome.
*comtextolivre

no link abaixo encontra-se o link para baixar filme sôbre o assassinato de Trotsky

http://cine-belasartes.blogspot.com/2010/02/o-assassinato-de-trotsky-legendado.html

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