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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista
segunda-feira, agosto 09, 2010
III Guerra Mundial a caminho
Preparando a III Guerra Mundial (I)
Irã - Direitos nacionais e imperialismo
Global Research - [Michel Chossudovsky] A humanidade está em uma encruzilhada perigosa. Os preparativos de guerra para atacar o Irã estão em “um estado avançado de preparação”. Sistemas de alta tecnologia, incluindo as armas nucleares, estão totalmente empregadas.
Esta aventura militar esteve no tabuleiro do Pentágono desde meados da década de 1990. Primeiro o Iraque, logo o Irã, segundo documentos desclassificados de 1995 do Comando Central dos EUA.
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A escalada é parte da agenda militar. Enquanto que o Irã é o próximo objetivo junto com a Síria e o Líbano, este desenvolvimento militar estratégico também ameaça a Coreia do Norte, China e Rússia.
Desde 2006, os EUA e seus aliados, incluídos os interlocutores dos Estados Unidos na OTAN e Israel, estiveram envolvidos no amplo desenvolvimento e armazenamento dos sistemas de armas avançadas.
Os sistemas de defesa aérea dos EUA, dos países membros da OTAN e de Israel, estão totalmente integrados.
Trata-se de uma tarefa coordenada pelo Pentágono, a OTAN, a Força de Defesa de Israel (FID), com participação ativa de militares de vários países da OTAN e não-sócios, incluindo os estados árabes de primeira linha (os membros da OTAN do Diálogo Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul), Arábia Saudita, Japão, Coreia do Sul, Índia, Indonésia, Singapura, Austrália, entre outros. (A OTAN é composta de 28 estados membros). Outros 21 países são membros do Conselho da Aliança Euro-Atlântica (EAPC); o Diálogo Mediterrâneo e a Iniciativa de Cooperação de Istambul conta com dez países árabes e Israel.
O papel do Egito, dos Estados do Golfo e da Arábia Saudita (dentro da aliança militar ampliada) é de particular relevância. O Egito controla o trânsito de barcos de guerra e barcos petroleiros pelo Canal de Suez. A Arábia Saudita e os Estados do Golfo ocupam a costa ocidental do sul do Golfo Pérsico, o estreito de Ormuz e o Golfo de Omán.
Em princípios de junho, “informa o Egito, que permitiu a onze barcos dos EUA e de Israel passar pelo Canal de Suez, em um aparente sinal ... ao Irã ... No dia 12 de junho, estabelecimentos da imprensa regional informaram que os sauditas haviam concedido a Israel a autorização para sobrevoar seu espaço aéreo...” (Mirak Weissbach Muriel, Israel’s Insane War on Iran Must Be Prevented, Global Research, 31 de julho de 2010) Na doutrina militar posterior ao 11 de Setembro, o desenvolvimento massivo de armamento militar definiu-se como parte da chamada “Guerra Global contra o Terrorismo”, apontando a organizações terroristas “não estatais” como a Al Qaeda e os chamados “Estados patrocinadores do terrorismo”, entre eles o Irã, a Síria, o Líbano e o Sudão.
A criação de novas bases militares dos EUA, o armazenamento dos sistemas de armas avançadas, incluindo as armas nucleares táticas, etc., foram levadas a cabo como pare da preventiva ‘doutrina militar defensiva’ sob o guarda-chuva da “Guerra Global contra o Terrorismo”.
Guerra e crise econômica
As consequências de um ataque mais amplo dos Estados Unidos e da OTAN e Israel contra o Irã são de longo alcance.
A guerra e a crise econômica estão intimamente relacionadas. A economia de guerra é financiada por Wall Street, que erige-se no credor da administração dos EUA.
Os produtores de armas dos EUA são os destinatários dos bilhões de dólares do Departamento de Defesa dos EUA pelos contratos de aquisição de sistema de armas avançadas.
Por sua vez, “a batalha pelo petróleo” no Oriente Médio e na Ásia Central serve diretamente aos interesses dos gigantes do petróleo anglo-estadunidense. Os EUA e seus aliados estão “batendo os tambores da guerra” na altura de uma depressão econômica mundial, para não mencionar a catástrofe ambiental mais grave da história mundial. Em um giro amargo, um dos grandes jogadores (British Petroleum) no tabuleiro de xadrez geopolítico da Ásia Centra no Oriente Médio, antigamente conhecido como a Petróleos Anglo-Persa foi o instigador da catástrofe ecológica no Golfo do México.
Meios de desinformação
A opinião pública, influída pela tambor dos meios de comunicação, oferece apoio tácito, indiferente ou ignorante dos possíveis impactos do que se mantém com um ad hoc “punitivo” da operação dirigida contra as instalações nucleares do Irã em lugar de uma guerra total.
Os preparativos de guerra incluem o desenvolvimento dos fabricantes de armas nucleares dos EUA e Israel.
Neste contexto, as consequências devastadoras de uma guerra nuclear se trivializam ou simplesmente não se mencionam.
A crise “real” que ameaça a humanidade é o “aquecimento global”, segundo os meios de comunicação e o Governo, e não a guerra.
A guerra contra o Irã é apresentada à opinião pública como um tema entre outros. Não é oferecido como uma ameaça à “Mãe Terra”, como no caso do aquecimento global. Não é notícia de primeira chamada. O fato de que um ataque contra o Irã possa levar a uma potencial escalada e desencadear uma “guerra global” não é motivo de preocupação.
Culto à morte e à destruição
A máquina global de matar também é sustentada pelo culto à morte e à destruição que impregna os filmes de Hollywood, para não mencionar as guerras em prime time e as séries de televisão sobre delinquência.
Este culto à matança está respaldado pela CIA e pelo Pentágono, que também apoiou (financiou) produções de Hollywood como instrumento de propaganda de guerra:
O ex-agente da CIA, Bob Baer, disse: “Há uma simbiose entre a CIA e Hollywood” e revelou que o ex-diretor da CIA, George Tenet, encontra-se atualmente em Hollywood, falando com os estúdios. (Matthew Alford and Robbie Graham, Lights, Camera… Covert Action: The Deep Politics of Hollywood, Global Research, 31 de janeiro de 2009). A máquina de matar é empregada em nível global dentro do marco da estrutura de comando de combate unificada. E é mantida habitualmente pelas instituições de governo, meios corporativos, e mandarins e intelectuais às ordens da Nova Ordem Mundial, e desde os think tanks de Washington e os institutos de investigação de estudos estratégicos, como instrumento indiscutível da paz e da prosperidade mundial. A cultura da morte e da violência foi gravada na consciência humana.
A guerra é amplamente aceita como parte de um processo social: a Pátria tem que ser “defendida” e protegida.
A “violência legitimada” e as execuções extrajudiciais contra os “terroristas” são mantidas nas democracias ocidentais como instrumentos necessários de segurança nacional.
Uma “guerra humanitária” é sustentada pela chamada comunidade internacional. Não condena-se como um ato criminoso. Os arquitetos principais são recompensados por suas contribuições à paz mundial. Quanto ao Irã, o que está se desenvolvendo é a legitimação direta da guerra em nome de uma ideia ilusória de segurança mundial.
Um ataque aéreo “preventino” contra o Irã levaria a uma escalada.
Na atualidade há três teatros de guerra separados no Oriente Médio e Ásia Central. Iraque, Afeganistão-Paquistão e Palestina.
Se o Irã for objeto de um ataque aéreo “preventivo” pelas forças aliadas, toda a região, desde o Mediterrâneo Oriental até a fronteira ocidental da China com o Afeganistão e o Paquistão poderia estalar, o que nos conduz potencialmente a um cenário de Terceira Guerra Mundial.
A guerra também estenderia-se ao Líbano e à Síria. É muito pouco provável que os atentados, se se aplicarem, ficassem circunscritos às instalações nucleares do Irã, como afirmam as declarações oficiais dos EUA e da OTAN. O mais provável é um ataque aéreo tanto a infraestruturas militares como civis, sistemas de transporte, fábricas e edifícios públicos.
O Irã, com cerca de 10% do petróleo mundial, ocupa o terceiro lugar mundial de reservas de gás, depois da Arábia Saudita (25%) e do Iraque (11%) no tamanho de suas reservas. Em comparação, os EUA tem menos de 2,8% das reservas mundiais de petróleo. (Ver Eric Waddell, The Battle for Oil, Global Research, dezembro de 2004).
É de muita importância o recente descobrimento no Irã, em Soumar e Halgan, das segundas maiores reservas mundiais conhecidas que estimam-se em 12,4 bilhões de pés cúbicos. Apontar o Irã não só consiste em recuperar o controle anglo-estadunidense sobre o petróleo e a economia do gás, incluindo rotas de oleodutos, mas também questiona a presença e influência da China e da Rússia na região.
O ataque planificado contra o Irã forma parte de um mapa global coordenado de orientação militar. É parte da “longa guerra do Pentágono”, uma proveitosa guerra sem fronteiras, um projeto de dominação mundial, uma sequencia de operações militares.
Os planejadores militares dos EUA e da OTAN previram diversos cenários de escalada militar. Também são muito conscientes das implicações geopolíticas, a saber, que a guerra poderia estender-se para além da região do Oriente Médio e da Ásia Central. Os efeitos econômicos sobre os mercados do petróleo, etc., também foram analisados. Enquanto que o Irã, a Síria e o Líbano são os objetivos imediatos, a China, a Rússia e a Coreia do Norte, para não falar da Venezuela e de Cuba, são também objeto de ameaças dos EUA.
Está em jogo a estrutura das alianças militares. Os desenvolvimentos militares da OTAN-EUA-Israel, incluindo as manobras militares e exercícios realizados na Rússia e suas fronteiras próximas à China tem uma relação direta com a guerra proposta contra o Irã.
Estas ameaças veladas, incluindo seu calendário, constituem um claro aviso aos antigos poderes da era da Guerra Fria, para evitar que possam interferir em um ataque dos Estados Unidos contra o Irã.
Guerra Mundial
O objetivo estratégio de meio prazo é chegar ao Irã e neutralizar seus aliados através da diplomacia dos canhões. O objetivo militar de longo prazo é se dirigir diretamente à China e à Rússia.
Ainda que o Irã seja o objetivo imediato, a militarização não se limita ao Oriente Médio e à Ásia Central. Uma agenda militar global foi formulada.
O emprego de tropas da coalizão e os sistemas de armas avançadas dos EUA, da OTAN e seus sócios estão sendo feitas de forma simultânea em todas as principais regiões do mundo.
As ações recentes dos militares dos EUA frente às costas da Coreia do Norte em forma de manobras são parte de um desenho global.
Os exercícios militares, simulacros de guerra, o desenvolvimento de armas, etc... dos EUA, da OTAN e seus aliados que estão sendo levados a cabo simultaneamente nos principais pontos geopolíticos, vão dirigidos principalmente contra a Rússia e a China.
- A Península da Coreia, o Mar do Japão, o estreito de Taiwan, o Mar Meridional da China, ameaça a China.
- O emprego de mísseis Patriot na Polônia, o centro de alerta na República Tcheca, ameaça a Rússia.
- Desenvolvimentos navais na Bulgária, Romênia, no Mar Negro, ameaçando a Rússia.
- Emprego de tropas da OTAN e dos EUA na Geórgia.
- Um desenvolvimento naval formidável no Golfo Pérsico, incluídos os submarinos israelenses dirigidos contra o Irã.
Simultaneamente, o Mediterrâneo Oriental, o Mar Negro, o Caribe, a América Central e a região andina da América do Sul, são as zonas da militarização em curso. Na América Latina e no Caribe as ameaças dirigem-se contra a Venezuela e Cuba.
“Ajuda militar” dos EUA
Por sua vez, as transferências de armas em grande escalaram foram levadas a cabo sob a bandeira dos EUA como “ajuda militar” a países selecionados, incluindo 5 bilhões de dólares em um acordo de armamento com a Índia, que detina-se para melhorar as capacidades da Índia contra a China. (Huge U.S.-India Arms Deal To Contain China, Global Times, 13 de julio de 2010).
“[A venda de armas] significará melhorar as relações entre Washington e Nova Delhi, e, de forma deliberada ou não, terá o efeito de conter a influência da Chia na região.” (Citado em Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China In Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).
Os EUA alcançaram acordos de cooperação militar com alguns países do sul da Ásia Oriental, como Singapura, Vietnã e Indonésia, incluindo sua “ajuda militar”, bem como a participação em manobras militares dirigidas pelos Estados Unidos na Bacia do Pacífico (julho-agosto de 2010). Estes acordos são de apoio às implementações das armas dirigidas contra a República Popular da China. (Ver Rick Rozoff, Confronting both China and Russia: U.S. Risks Military Clash With China In Yellow Sea, Global Research, 16 de julho de 2010).
Do mesmo modo, e mais diretamente relacionado com o ataque planificado contra o Irã, os EUA estão armando os Estados do Golfo (Bahrein, Kuwait, Qatar e os Emirados Árabes Unidos) com o interceptor de mísseis terra-ar, Patriot Advanced Capability-3 e a Terminal High Altitude Area Defense (THAAD), bem como os baseados no padrão de mísseis MAR-3, interceptores instalados em barcos de guerra de classe Aegis no Golfo Pérsico. (Ver Rozoff Rick, NATO’s Role In The Military Encirclement Of Iran, 10 de fevereiro de 2010).
Calendário de armazenamento militar e de implementação
O que é crucial no que diz respeito às transferências de armas dos EUA aos países sócios e aliados é o momento real da entregue e do emprego. O lançamento de uma operação militar patrocinada pelos EUA normalmente ocorreria uma vez que estes sistemas de armas estejam em seu lugar, após o desenvolvimento efetivo da aplicação da capacitação de pessoal. (Por exemplo, a Índia).
O que estamos tratando é um desenho militar mundial cuidadosamente coordenado e controlado pelo Pentágono com a participação das forças armadas combinadas de mais de quarenta países. Este desenvolvimento multinacional mundial é, com muito, o maior desenvolvimento de sistema de armas avançadas da história.
Por sua vez, os EUA e seus aliados estabeleceram novas bases militares em diferentes partes do mundo. “A superfície da Terra está estruturada como um enorme campo de batalha”. (Ver Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 01 de julio 2007).
O Comando Unificado da estrutura geográfica dividida nos comandos de combate baseiam-se em uma estratégia de militarização em nível global. “Os militares dos EUA tem bases em 63 países. Marcas de novas bases foram construídas a partir do dia 11 de setembro de 2001 em sete país. No total, há 255.065 militares empregados pelos EUA em todo o mundo.” (Ver Jules Dufour, The Worldwide Network of US Military Bases, Investigación Global, 1º de julho 2007)
Cenário da III Guerra Mundial
Este desenvolvimento militar produz-se em várias regiões ao mesmo tempo sob a coordenaçao dos comandos regionais dos EUA, com a participação no armazenamento dos arsenais dos EUA pelos aliados dos Estados Unidos, alguns dos quais são antigos inimigos, incluindo o Vietnã e o Japão.
No contexto atual caracteriza-se por uma acumulação militar global controlada por uma superpotência mundial que está utilizando seus aliados para desencadear numerosas guerras regionais.
A diferença com a Segunda Guerra Mundial, que foi também uma conjunção de distintas salas de uma guerra regional, é que com a tecnologia de comunicações e sistema de armas da década de 1940, não havia estratégia em “tempo real” para coordenação nas ações militares entre grandes regiões geográfias.
A guerra mundial baseia-se no desenvolvimento coordenado de uma só potência militar dominante, que supervisa as ações de seus aliados e sócios.
Com a exceção de Hiroshima e Nagasaki, a Segunda Guerra Mundial caracterizou-se pelo uso de armas convencionais. O planejamento de uma guerra mundial baseia-se na militarização do espaço ultra-terrestre.
Se uma guerra contra o Irã inicia-se, não só o uso de armas nucleares, mas toda uma gama de novos sistemas de armas avançadas, inclusive armas eletrométricas e as técnicas de modificação ambiental (ENMOD) seriam utilizadas.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas
O Conselho de Segurança aprovou no início de junho uma quarta rodada de sanções de amplo alcance contra a República Islâmica do Irã, que incluem o embargo de armas e o “controles financeiros mais estritos”.
Em uma amarga ironia, esta resolução foi aprovada poucos dias depois da negativa pura e dura do Conselho de Segurança das Nações Unidas para adotar uma moção de condenação a Israel por seu ataque à Flotilha pela Liberdade de Gaza em águas internacionais.
Tanto a China como a Rússia, pressionados pelos EUA, apoiaram o regime de sanções do CS da ONU, em seu próprio prejuízo. Sua decisão no Conselho de Segurança contribui para debilitar sua própria aliança militar, a organização de Cooperação de Xangai (OCS, em sua sigla inglesa), na qual o Irã tem estatuto de observador. A resolução do Conselho de Segurança congela os respectivos acordos de cooperação militar e econômica da China e da Rússia com o Irã. Isto tem repercussões graves no sistema de defesa aérea do Irã que, em parte, depende da tecnologia e da experiência da Rússia.
A Resolução do Conselho de Segurança outorga, de fato, uma “luz verde” para levar uma guerra preventiva contra o Irã.
A inquisição estadunidense: a construção de um consenso político para a guerra
Em coro, os meios ocidentais qualificaram o Irã como uma ameaça à segurança mundial em vista de seu suposto (inexistente) programa de armas nucleares. Fazendo-se eco das declarações oficiais, os meios de comunicação agora estão exigindo a aplicação dos bombardeios punitivos dirigidos contra o Irã a fim de salvaguardar a segurança de Israel.
Os meios de comunicação ocidentais fazem soar os tambores de guerra. O propósito é inculcar tacitamente na consciência interna das pessoas, através da repetição de informes nos meios até a saciedade, a ideia de que a ameaça iraniana é real e que a república islâmica deve ser “expulsa”.
O processo de criação do consenso para fazer a guerra é semelhante à Inquisição espanhola. Requer-se e exige-se a submissão à ideia de que a guerra é um trabalho humanitário.
Conhecida e documentada, a verdadeira à segurança global emana da aliança dos Estados Unidos-OTAN-Israel; entretanto, a realidade em um ambiente inquisitório é ao revés: os belicistas comprometidos com a paz, as vítimas da guerra são apresentadas como os protagonistas da guerra.
Considerando que em 2006 quase dois terços dos estadunidenses opunham-se à ação militar contra o Irã, segundo uma recente enquete da Reuter-Zogby de fevereiro de 2010 56% dos estadunidenses estão a favor de uma ação militar da OTAN contra o Irã.
A construção de um consenso político que baseia-se em uma mentira não pode, entretanto, confiar unicamente na posição oficial daqueles que são a fonte da mentira.
Os movimentos contra a guerra nos EUA, que em parte foram infiltrados e cooptados, assumiram uma posição débil em relação ao Irã. O movimento contra a guerra está dividido. A ênfase é posta em guerras que já foram feitas (Afeganistão e Iraque) ao invés de se opor com força as guerras que estão sendo preparadas e que encontram atualmente no tabuleiro de desenhos do Pentágono.
Desde a inauguração da administração Obama, o movimento contra a guerra perdeu parte de seu ímpeto.
De outra parte, aqueles que se opõem ativamente às guerras no Afeganistão e o Iraque não necessariamente opõem-se à realização de “bombardeios punitivos”, dirigidos ao Irã, nem entram na categoria destes atentados como um ato de guerra, a qual poderia ser o prelúdio da Terceira Guerra Mundial.
A escala de protestos contra a guerra em relação ao Irã foi mínima em comparação com as manifestações massivas que precederam os bombardeios de 2003 e a invasão do Iraque.
A verdadeira ameaça à segurança global emana da aliança dos Estados Unidos-OTAN-Israel.
A operação Irã não foi oposta no âmbito diplomático por parte da China e Rússia, mas conta com o apoio dos governos dos estados árabes de primeira fileira que estão integrados no diálogo OTAN-Mediterrâneo. Também conta com o apoio tácito da opinião pública ocidental.
Façamos uma chamada as pessoas de todos os países, na América, Europa Ocidental, Israel, Turquia e em todo o mundo, a se levantar contra este projeto militar, contra seus governos que apoiam a ação militar contra o Irã, contra os meios de comunicação que servem para camuflar as devastadoras consequências de uma guerra contra o Irã.
Esta guerra é uma loucura.
A III Guerra Mundial é terminal. Albert Einstein entendia os perigos da guerra nuclear e a extinção da vida na Terra, que já começou com a contaminação radioativa resultante de urânio empobecido. “Não sei com que armas lutará-se na III Guerra Mundial, mas na IV Guerra Mundial lutará-se com paus e pedras”.
Os meios de comunicação, os intelectuais, os cientistas e os políticos, em coro, ofuscam a verdade não contada, a saber, que a guerra que utilza ogivas nucleares destrói a humanidade, e que este complexo processo de destruição gradual já começou.
Quando a mentira se converte em verdade, já não há volta atrás.
Quando a guerra mantém-se como um trabalho humanitário, a justiça e todo o sistema jurídico internacional são todo o contrário: o pacifismo e o movimento contra a guerra são criminalizados. Opor-se à guerra converte-se em um ato criminoso.
A mentira deve ser exposta como é e como faz.
Sanciona a matança indiscriminada de homens, mulheres e crianças.
Destrói famílias e pessoas. Destrói o compromisso das pessoas aos seus semelhantes.
Impede às pessoas expressar sua solidariedade pelos que sofrem. Defende a guerra e o estado policial como a via única.
Destrói o internacionalismo.
Romper a mentira significa romper um projeto criminoso de destruição global, nela a busca do benefício é a força primordial.
Este lucro impulsionado pela agenda militar destrói os valores humanos e transforma as pessoas em zumbis inconscientes.
Vamos inverter a maré.
Desafiemos aos criminosos de guerra nos altos cargos e às poderosas corporações e grupos de pressão que os apoiam.
Fim da inquisição estadunidense.
Fim da cruzada militar dos Estados Unidos-OTAN-Israel.
Fechamento das fábricas de armas e das bases militares.
Retirada das tropas.
Os membros das Forças Armadas devem desobedecer as ordens e se negar a participar em uma guerra criminosa.
Michel Chossudovsky é um laureado autor, professor (emérito) da Economia da Universidade de Ottawa e diretor do Centro para a Investigação sobre a Globalização (CRG), Montreal. É autor de A Globalização da Pobreza e a Nova Ordem Mundial (2003) e de A Guerra da América contra o Terrorismo (2005). Também é colaborador da Enciclopédia Britânica. Seus escritos foram publicados em mais de vinte idiomas.
Fonte: Global Reserach e Rebelión
Traduzido do inglês para o espanhol por Ziberán en Huelga General
Traduzido do espanhol para o português por Lucas Morais (@luckaz) para o Diário Liberdade
extraído do diárioLiberdade
Postado por GilsonSampaio
Fidel está certo, tem cheiro de guerra no ar
Fidel Castro reapareceu neste último sábado no parlamento cubano e fez um discurso com o grave alerta para o perigo de uma nova guerra mundial. Claro que a mídia hype não deu a mínima para o conteúdo. Mas o velho comandante entende do que diz. Sugiro uma lida em recente texto do professor Michel Chossudovsky, onde ele diz que um ataque ao Irã é o próximo passo para uma estratégia de guerra mundial, com o perigo de uso de armas nucleares. Alguns pontos para entendermos o war game:
Os EUA precisam dominar a Eurásia, o supercontinente que abarca a Europa e a Ásia. Dominação significa ter controle político sobre povos, governos e principalmente seus recursos. Quem explicou (ou confessou) o objetivo foi Zbigniew Brzezinski, ex-secretário de defesa de Carter, Reagan e Bush pai.
"É imperativo que nenhuma força eurasiana apareça, capaz de exercer alguma dominação na região e desta forma desafiar os EUA", diz Brzezinski em seu livro, "The Gran Chessboard", de 1998. Sabemos que a médio ou longo prazo inevitavelmente a China poderá ser esta ameaça. Ou mesmo a Russia, como aponta Chossudovsky. Com economias crescentes, precisarão de mais mercados e fundamentais recursos.
Petróleo é hoje o mais disputado recurso do planeta. Todas as economias são sedentas do ouro negro. Um carro, antes de consumir combustível, gastou vários barris em plásticos, borrachas, tintas, químicas e em máquinas para a produção e transporte. E o petróleo é recurso finito, já atingiu seu pico máximo de extração nos anos 70.
Para os EUA, que produzem 11.7% do petróleo mundial e consomem 25.3%, é questão delicada para o futuro de sua economia. A China cresce aceleradamente em consumo, já tendo passado o Japão e ficado agora como o segundo maior consumidor planetário.
Não há ainda nenhuma outra fonte de energia que substitua o petróleo em pouco tempo. Todas as possibilidades pensadas aumentam consideravelmente os custos da produção hoje baseada no óleo.
Os EUA, fundamentalmente, e todas as economias dele dependente, enfrentam uma grave crise financeira. Uma bolha está perto de explodir. A sistema financeiro mundial está montado em uma mentira, não existe lastro para o dinheiro que circula. O menor descuido, como aconteceu recentemente, coloca em risco todo o sistema.
Nada melhor, como sempre foi, que uma guerra para resolver os impasses. A indústria de guerra aquece a economia. A de reconstrução, também. E povos ficam unidos quando se vende bem a idéia da necessidade de enfrentar um inimigo externo. Esquecem suas reinvindicações, aceitam mais impostos, é a guerra.
A mídia internacional faz aqui o seu papel, como já feito em outras vezes. Inventa ou alardeia motivações. Para o Iran, o motivo é o perigo nuclear. Não importa que o país tenha objetivos de uso pacífico, e seja os EUA, sim, como Israel e até os aliados Paquistão e Índia que tenham bombas nucleares. Para avançar sobre o Iraque, inventaram que Saddam tinha armas químicas. Mentira. Para o Afeganistão. é que ele escondia Osama Bin Laden e as mulheres usavam burcas. Mentira, os EUA nunca estiveram preocupados com Bin Laden, a Al-Quaeda é uma farsa e até hoje as mulheres usam a mesma burca. O que mudou é que o Afeganistão produz hoje mais de 90% do ópio mundial. E é produto repleto de interesses americanos.
E para finalizar, uma reflexão do nosso ponto planetário. EUA, seus aliados, que ameaçam a paz mundial, tem aqui nas próximas eleições o candidato José Serra como seu representante. O tucano fez questão de marcar posição para que isso ficasse claro. Discursou contra todos os que de alguma forma estão em oposição aos interesses imperialistas americanos, como Ahmadinejad, Evo e Chávez.
Neste caso, reflitam, votar em Dilma Rousseff é darmos uma chance a paz.
Postado por Jurandir Paulo
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