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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

segunda-feira, agosto 02, 2010

SS erra fióte do bush






Serra parece um filhote do Bush

Por Altamiro Borges

Nos últimos dias, o candidato José Serra consolidou a sua guinada direitista ao tratar quase com exclusividade das relações externas do Brasil. Temeroso de atacar as políticas internas altamente populares do governo Lula, o demotucano concentrou seu ódio contra a ação soberana e altiva do Itamaraty. Em vários eventos e coletivas à imprensa, ele reforçou a imagem do “vira-lata”, criada pelo dramaturgo Nelson Rodrigues, mostrando total servilismo diante do império estadunidense.

As suas bravatas foram alvo de ironias. “Serra é candidato a Uribe”, fustigou o deputado Brizola Neto, lembrando que o presidente narcoterrorista da Colômbia deixará o governo nesta semana e que já tem substituto a capacho dos EUA. Já o blogueiro Luis Carlos Azenha afirmou que José Serra é “candidato a porta-voz de Washington”. Concordo com ambos, mas optei pela descrição corrosiva apresentada pelo Comitê Bolivariano de São Paulo: “Serra é um filhote de Bush”.

Platéia de 497 ricaços

Num almoço-debate ocorrido na semana passada, o ensandecido José Serra até parecia o próprio George W. Bush, o ex-presidente genocida dos EUA, rosnando colérico contra o “eixo do mal”. Para uma platéia de 497 ricaços – seduzidos pelo Grupo de Líderes Empresariais, o sinistro Lide, que encabeçou as manifestações fascistóides do falido movimento “Cansei” –, o demotucano se apresentou sem qualquer fantasia ou maquiagem dos marqueteiros e escancarou seu servilismo.

Ele criticou a atual política externa por priorizar as relações Sul-Sul e, de forma indireta, indicou que, se eleito, retomará a trágica orientação de FHC do “alinhamento automático” com os EUA. “Negócios são negócios”. Apesar dos estudos que indicam que o Brasil reduziu o impacto da crise capitalista ao diminuir a dependência com o império do norte e diversificar suas relações externas, Serra afirmou na maior caradura que o país “não tem política de comércio exterior”.

Seguindo o roteiro da CIA

Para o demotucano, que já disse que o Mercosul é inútil, o governo Lula faz “filantropia” com os países vizinhos. Para delírio dos empresários egoístas, ele questionou a remuneração cobrada ao governo do Paraguai pela energia da hidrelétrica de Itaipu. Também atacou a relações cordiais do presidente Lula com o governo cubano. “É amigo de Cuba? Então usa essa amizade para libertar os presos cubanos”, afirmou, sendo efusivamente aplaudido pelos ricaços anticomunistas.

Seguindo o roteiro da CIA, José Serra esbravejou contra a Venezuela no conflito provocado pela Colômbia. “É inegável que o Brasil tem simpatia maior pelo Chávez. E é inegável que o Chávez abriga as Farc [Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia]”. Nada disse sobre o presidente narcoterrorista Álvaro Uribe, que já invadiu o Equador e transformou a Colômbia num campo de extermínio, recordista mundial no assassinato de sindicalistas e território de esquadrões da morte.

“Fim melancólico da carreira política”

George Bush, o genocida que mentiu ao mundo para justificar a invasão do Iraque, deve admirar o “filhote” brasileiro. Nos bastidores de Washington, ele deve fazer seu lobby afirmando: “Esse é o cara”. Para Marco Aurélio Garcia, assessor do governo Lula, é constrangedor “ver uma pessoa que teve um passado de esquerda como José Serra ter corrido tanto em direção à direita, aquela direita mais raivosa, mais atrasada. Parece-me um final melancólico da sua carreira política”.

Vale o alerta do Comitê Bolivariano de São Paulo: “Derrotar Serra e o seu grupo passou a ser um ato de patriotismo e de defesa da democracia... É evitar que o Brasil se torne subalterno à política externa dos EUA... É derrotar o que existe de mais retrógrado no Brasil e na América do Sul, expressão das forças golpistas, de ontem e de hoje, que tantos danos têm causado. É derrotar os herdeiros de todas as ditaduras militares, dos filhinhos de Pinochet, de Carmona, chefe golpista da Venezuela, e de tantos genocidas que destruíram milhares de vidas na América Latina”.

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