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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Folha”ditabranda”

O vídeo abaixo traz o depoimento de Lino Bocchini, um dos criadores do blog Falha de S.Paulo, que parodiava a Folha”ditabranda” de S.Paulo.

http://desculpeanossafalha.com.br/wp-content/uploads/2010/12/cart%C3%A3o-de-natal.jpg

A Folha moveu uma ação de 88 páginas contra o blog porque não achou graça e, com isso, estabeleceu uma censura jurídica ao retirar o blog do ar. A Folha, que considerou a nossa ditadura um regime político de suaves assassinatos, não acha graça na liberdade de expressão.

Da mesma forma que Fernando Sarney, filho do senador José Sarney, processou o Estado de S.Paulo impedindo-o de divulgar matéria sobre seu processo na justiça, a Falha (desculpe, Folha) fez o mesmo contra dois humorista.

Mas pelo jeito, eles não perderam a graça. Nesse depoimento há coisas bem engraçadas. Além disso, os dois já criaram um novo blog: Desculpem a nossa FAlha.

Veja também outros depoimentos mostrando a intolerância da Folha de S.Paulo. Esse tipo de processo ainda será muito comum no Brasil. Há uma cultura coronelista no país difícil de combater. Há uma sensação nas classes mais abastadas, que percorre o seio da classe média saudosa do autoritarismo, de que cada macaco deve ficar no seu galho. Ou seja, liberdade de expressão e de imprensa é só para alguns. Mas aos poucos eles se acostumam…esperamos…

Veja outros depoimentos sobre o caso Falha de S. Paulo.






AVISO: tínhamos publicado uma narrativa dos bastidores de dentro da redação do Estadão, passada por uma boa fonte do próprio Estadão. Mas outras fontes, tão boas quanto (ou melhores) de dentro e de fora do Estadão estão dando outras versões desde hoje (24/12) cedo. Enfim, achamos por bem então não dar o aval para versão nenhuma. Pedimos desculpas por qualquer incômodo. Mas quanto ao documento vazado abaixo não tem reparo algum! Temos o danado em mãos!

Se eu fosse a Folha, dava o troco!
Vazou para nós, a la WikiLeaks, a crítica interna da ombudsman da Folha, Suzana Singer, que circulou entre os jornalistas da Folha em 23/12 à tarde, com um aviso bem grande pedindo para “NÃO DIVULGAR”:
FALHA DE S. PAULO
A incrível capacidade de mobilização dos irmãos responsáveis pelo site Falha de S.Paulo, processado pela Folha, obteve uma vitória impressionante hoje, quando Julian Assange, o símbolo do momento da luta pela liberdade de imprensa, defendeu o site. Está na entrevista exclusiva publicada no Estadão. “Entendo que há um grande escândalo em relação ao ao blog Falha de S.Paulo, que é uma sátira ao nome do jornal com o qual temos uma parceria no Brasil. Entendo a importância de proteger a marca e temos sites similares que se passam pelo WikiLeaks. Mas o blog não pretende ser o jornal e acho que deve ser liberado. A censura é um problema especial quando ocorre de forma camuflada. Sempre que há censura, ela deve ser denunciada”. Tem um box de outro lado, com a Folha negando que seja censura.
Os dois blogueiros já tinham conseguido que os Repórteres sem Fronteiras condenassem o processo, por considerarem difícil que um jornal do porte da Folha tenha sofrido danos á imagem por causa do site. Também dizem que os irmãos Bocchini não terão dinheiro para pagar a indenização. A Global Voices, comunidade internacional de blogueiros, também apoiou os irmãos. O site da Wired contou a história, sem emitir opinião. O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo condenou a atitude da Folha.
O jornal precisa noticiar o processo, fazer reportagem ouvindo os dois lados, explicar melhor sua posição. Não dá mais pra fingir que nada está acontecendo.
*desculpe a nossa fAlha

 

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