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Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

sexta-feira, dezembro 24, 2010

Quando é que vamos nos livrar dessa história de Papai Noel? E por falar nisso, bom Natal a todos...



Ontem, num programinha escroto da Globonews, vi uma tosca apresentadora dizer: "infelizmente não temos neve aqui no natal". O tema da conversa era Papai Noel. 

Esse excesso de culto ao "bom velhinho" é mais um reflexo de nossa condição de povo colonizado. Para começar, tal símbolo foi forjado pela coca cola, como todo mundo sabe. O mito original, escandidavo, foi completamente transformado pelos marqueteiros estadunidenses. Suas vestes sequer eram vermelhas, eram azuis, a troca de cor foi para ornar com a marca da multinacional de Atlanta, sede da Ku Kux Klan. 

Até o nome que adotamos por aqui é ridículo, Noel significa Natal em francês. Curiosamente, em Portugal se pronuncia Papai Natal, na França, Pere Noel. É lógico que chiquetosa elite tupiniquim não ia se espelhar nos portugueses, povo cafona, para apelidar mais um de seus produtos Made in USA. É mais chique imitar os franceses, mesmo que o produto venha dos EUA, povo também cafona, mas cheio da nota (se bem que hoje em dia...). 

Uma dúvida, por que não adotaram logo o Santa Claus dos yankees? 

Tenha o nome que for, trata-se de um personagem que foge completamente a essência do Natal cristão, é apenas um incentivo ao consumo. 

Outro embuste é essa história de neve, nos shoppings mais chiques de São Paulo cai neve o dia todo, para delírio da classe média debilóide paulistana. Isso por que vivemos em um país tropical, os gringos ficam loucos para passar o fim de ano aqui e fugir do frio, os brasileiros querem neve. 

Estou pouco me lixando para toda essa história, sou ateu e considero essas "tradições" cristãs uma grande farsa. Ainda assim passo o Natal na casa da minha mãe, em família. Isso remete a minha infância. Esse é o lado bom Natal, rever a família entre parentes e amigos. O resto, é comercial. 

Para aqueles que ainda se emocionam com o "bom velhinho" da rede Globo, da coca cola e da Ku Kux Klan.

Um bom Natal para todos!  
*cappacete

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