Páginas

Ser de esquerda é não aceitar as injustiças, sejam elas quais forem, como um fato natural. É não calar diante da violação dos Direitos Humanos, em qualquer país e em qualquer momento. É questionar determinadas leis – porque a Justiça, muitas vezes, não anda de mãos dadas com o Direito; e entre um e outro, o homem de esquerda escolhe a justiça.
É ser guiado por uma permanente capacidade de se estarrecer e, com ela e por causa dela, não se acomodar, não se vender, não se deixar manipular ou seduzir pelo poder. É escolher o caminho mais justo, mesmo que seja cansativo demais, arriscado demais, distante demais. O homem de esquerda acredita que a vida pode e deve ser melhor e é isso, no fundo, que o move. Porque o homem de esquerda sabe que não é culpa do destino ou da vontade divina que um bilhão de pessoas, segundo dados da ONU, passe fome no mundo.
É caminhar junto aos marginalizados; é repartir aquilo que se tem e até mesmo aquilo que falta, sem sacrifício e sem estardalhaço. À direita, cabe a tarefa de dar o que sobra, em forma de esmola e de assistencialismo, com barulho e holofotes. Ser de esquerda é reconhecer no outro sua própria humanidade, principalmente quando o outro for completamente diferente. Os homens e mulheres de esquerda sabem que o destino de uma pessoa não deveria ser determinado por causa da raça, do gênero ou da religião.
Ser de esquerda é não se deixar seduzir pelo consumismo; é entender, como ensinou Milton Santos, que a felicidade está ancorada nos bens infinitos. É mergulhar, com alegria e inteireza, na luta por um mundo melhor e neste mergulho não se deixar contaminar pela arrogância, pelo rancor ou pela vaidade. É manter a coerência entre a palavra e a ação. É alimentar as dúvidas, para não cair no poço escuro das respostas fáceis, das certezas cômodas e caducas. Porém, o homem de esquerda não faz da dúvida o álibi para a indiferença. Ele nunca é indiferente. Ser de esquerda é saber que este “mundo melhor e possível” não se fará de punhos cerrados nem com gritos de guerra, mas será construído no dia-a-dia, nas pequenas e grandes obras e que, muitas vezes, é preciso comprar batalhas longas e desgastantes. Ser de esquerda é, na batalha, não usar os métodos do inimigo.
Fernando Evangelista

domingo, dezembro 26, 2010

Irã: Obama puxou o tapete de Lula







Extraído de uma entrevista do presidente Lula à revista “Brasileiros”, de dezembro:

“Aí, eu falei para o Obama: ‘você é o presidente mais importante do mundo. Pega um telefone e liga para o cara  (Ahmadinejad, presidente do Irã). Convida ele para vir aqui …’


Eles (Obama e Sarkozy) passaram a dizer que não ia dar certo … E eu falei ‘ só queria que vocês não fizessem o bloqueio ao Irã antes de eu ir lá’. Porque eles queria fazer o bloqueio de qualquer jeito… O Obama ficou muito nervoso, muito irritado…


Fui embora e, quando eu ia viajar para o Irã, antes de ir, recebi uma carta do Obama, que dizia textualmente quais as coisas que ele achava importantes o Ahmadinejad fazer para permitir um acordo.  E o Ahmadinejad fez exatamente o que estava pedido na carta do Obama


… passei na Rússia e o Obama tinha ligado para o Medved, para reclamar da minha ida. Chego no Qatar, a Hillary Clinton tinha ligado para o Emir do Qatar para reclamar da minha ida. Na verdade, a dona Hillary Clinton trabalhou contra o tempo inteiro…


Lá, fui falar até com o grande líder religioso deles, o Khomeini.


A toda hora eu falava para o Ahmadinejad: ‘Vim para fazer o acordo. Se você não fizer o acordo, está abrindo mão dos dois países (Brasil e Turquia) que querem contribuir para a paz. Você sabe que eu estou perdendo os meus aliados porque eu acho que a paz vale tudo isso.’


Na hora em que ele topa os termos do acordo, os caras não aceitam ! Não aceitam o que eles mesmos queriam que o cara fizesse.


Sabe aquele negócio … Eu te devo 50 dólares. Aí, eu chego, demoro a pagar e quando vou pagar você fala: não quero mais os 50 dólares.


Então, eu fiquei sentido pessoalmente.”


Clique aqui para ler “EUA negociam com o Irã mas não querem que o Brasil faça o mesmo”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário